‘Algoritmo evita sobrecarga de informação’

Especialista em tema, professor defende que inteligência artificial das redes sociais influencia opinião de usuários

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Por Matheus Mans
Atualização:

Formado em comunicação pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, Christian Sandvig aproveitou seu interesse por tecnologia para se especializar em algoritmos de redes sociais, assunto que, na época de sua formação, ainda era desconhecido. Com passagens pela Microsoft e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na sigla em inglês), o norte-americano se especializou em estudar a influência dos algoritmos nos usuários das redes sociais.

Sandvig busca entender efeitos dos algoritmos Foto: Jean Baptiste/Criative Commons

Desde 2012, Sandvig é professor na Universidade de Michigan, além de já ter produzido diversos estudos, como o Um caminho para compreender os efeitos dos algoritmos, que buscou explicar como os algoritmos podem modificar a vida em sociedade. Abaixo, alguns trechos da conversa com o pesquisador:Qual o principal objetivo do uso de algoritmos em redes sociais? As empresas que promovem o uso de algoritmos nos dizem que é uma solução para “sobrecarga de informação” que existe nas redes. Isso pode ser verdade, mas eles geralmente não descrevem que o uso de um feed com informações filtradas é uma estratégia para intercalar com mais cuidado publicidade no conteúdo “orgânico” - ou seja, colocar propaganda camuflada. O algoritmo, nesse sentido, é uma das estratégias das empresas.A personalização gerada pelo algoritmo beneficia o usuário? A alimentação filtrada é também uma maneira dessas empresas para melhor controlar e projetar a experiência do usuário em sua plataforma. O estilo e a experiência de filtragem se torna uma experiência personalizada. É isso que eles esperam que faça você voltar. A maioria dos usuários não está ciente de que um algoritmo está agindo em seu feed, porque as empresas não mencionam isso. É fato que informações distribuídas por algoritmos não são populares entre usuários. As pessoas que usam essas redes muitas vezes não querem que as empresas decidam quais postagens de seus amigos ou familiares devem ficar fora do feed. As redes sociais geram “bolhas ideológicas”? Pensar nas “bolhas” não tem tanta utilidade agora, mas deve ser um efeito dos algoritmos no futuro. Em vez disso, agora devemos pensar em perguntas mais diretas sobre os algoritmos, como de que maneira eles podem moldar o que está sendo dito e ouvido; a comercialização do nosso discurso; a possibilidade de nos deixarem a par de algumas notícias, mas não de outras. As redes sociais estão fazendo essas coisas agora. Essas coisas não acontecerão a longo prazo, mas já são efeitos que podemos perceber no dia a dia. Quais as consequências diretas dos algoritmos para os usuários de redes sociais? Os usuários do Facebook pensam que o que acontece em seu feed de notícias da rede social reflete as opiniões de seus amigos e familiares, podendo gerar um perigoso efeito na vida real. As pessoas transportam as sensações digitais para o mundo real. Se o usuário compartilha uma notícia no Facebook e não recebe muitas “curtidas”, ele provavelmente irá concluir que os seus amigos e familiares não concordam com ele ou não gostaram da notícia. No entanto, os usuários geralmente não consideram o fato de que o algoritmo pode não ter mostrado o sua postagem para estas pessoas. Eles não sabem que a interferência do algoritmo na amplificação do conteúdo tem um grande efeito no resultado final. 

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