Alterações são percebidas por usuários

Perfis de pessoas com diferentes visões políticas revelam como algoritmo do Facebook funciona

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Por Matheus Mans
Atualização:

O administrador de empresas Radyr Papini não está satisfeito com o governo da presidente Dilma Rousseff, do PT. Para saber disso, não é preciso nem ao menos conversar com o paulista: basta entrar em seu Facebook e ver as quatro ou cinco postagens diárias sobre o assunto, que são interrompidas apenas por uma ou outra postagem sobre cultura pop ou sobre sorvetes.  “Eu usava muito o Twitter para falar sobre política e acabei transferindo o debate para o Facebook”, conta Papini, que excluiu o ícone da rede social da tela inicial de seu smartphone, tamanho é o vício.

Gleiston Costa defende Dilma nas redes sociais Foto: Werther Santana/Estadão

A posição política de Papini não passou despercebida pelo algoritmo do Facebook. Além de compartilhar esta enorme quantidade de material contrário ao governo, Papini curte, comenta e compartilha conteúdos com os quais compactua. Ele até mesmo fez uma “cobertura” ao vivo das manifestações das últimas semanas, compartilhando vídeos e fotos na rede social. Segundo ele, o material “bombou” na sua rede de amigos. O comportamento na rede social teve impacto no conteúdo que Papini vê na rede social: a maior parte das postagens que aparecem em seu feed de notícias são de pessoas que também querem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Do outro lado, está o professor de história Gleiston Costa. Ele publica, em média, 15 postagens diárias a favor do governo e contra o impeachment. Além disso, porém, ele busca debater o tema intensivamente com pessoas que têm posição contrária à sua. Por isso, o algoritmo da rede social tomou um rumo diferente: a maioria das postagens dos amigos mostradas a ele defendem a queda de Dilma, apesar de sua posição contrária. “Eu sempre comento as postagens de quem é a favor do impeachment da presidenta”, diz Costa. “Ela ganhou democraticamente e estamos em um País democrático. Quero convencer as pessoas disso.” Isso mostra que, apesar da opinião política do professor, o algoritmo compreendeu que Costa está mais interessado em debater o assunto com pessoas que divergem de sua opinião. “Tenho muitos amigos que possuem a mesma opinião que a minha. Mas é bom debater com quem pensa o contrário”, diz Costa.

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