Ameaça de investigação tira US$ 131 bilhões de gigantes de tecnologia

Congresso americano, Departamento de Justiça e Comissão Federal do Comércio vão investigar ações antitruste de Google, Apple, Amazon e Facebook

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Por Redação Link
Atualização:
Google perdeu US$ 47 bilhões em valor de mercado depois do anúncio de investigação Foto: Christine Hemm Klok/NYT

O cerco está se fechando para as gigantes de tecnologia: nesta segunda-feira, 3, ameaças de investigações sobre concorrência desleal fizeram Apple, Amazon, Google e Facebook perderem US$ 131 bilhões em valor de mercado na bolsa de valores americana. Isso porque, desde o final de semana, a imprensa americana tem noticiado, com fontes, que a Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês) e o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ, na sigla em inglês) fizeram um pacto para iniciar inquéritos sobre as empresas. Paralelamente a isso, um bloco de deputados do Partido Democrata também decidiu iniciar sua própria investigação. 

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A notícia fez as ações das gigantes caírem: Google e Facebook se desvalorizaram em mais de 6%, enquanto a Amazon teve queda de 4,5% e a Apple, de 1% – a empresa do iPhone foi menos impactada por conta da boa reação que tiveram seus lançamentos na WWDC, sua conferência de desenvolvedores, também realizada nesta segunda-feira. 

Segundo disseram fontes a veículos como o Wall Street Journal e a agência de notícias Reuters, o Departamento de Justiça e a Comissão Federal do Comércio vão dividir as investigações – a primeira vai fiscalizar Google e Apple, enquanto a FTC ficará com a Amazon e o Facebook. Vale lembrar que a agência reguladora já está investigando o Facebook por uma quebra de acordo sobre proteção de privacidade de usuários pelo caso Cambridge Analytica. 

Já a investigação na Câmara dos Deputados americana será realizada pelo Comitê de Antitruste da casa, hoje liderada pelos democratas, partido de oposição ao atual presidente Donald Trump. "É uma investigação sobre como conseguimos fazer a competição voltar ao mercado", disse David Cicilline, deputado democrata do Estado de Rhode Island, em conferência de imprensa. Ele é o líder do Comitê de Antitruste da casa. 

Procuradas pela imprensa americana, as empresas se negaram a comentar o assunto. O mesmo vale para o Departamento de Justiça e a Comissão Federal do Comércio, que não costumam divulgar preparações para inquéritos. 

Contexto

Caso as operações se confirmem, será um enorme golpe em um dos principais setores da economia americana. Hoje, a indústria de tecnologia tem sido vista como vilã, por ter empresas que retêm muito poder e podem gerar danos aos usuários ou mercados competitivos. 

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A ideia é de que o Facebook é central para a vida de milhões de pessoas, ao controlar não só uma rede social, mas também o WhatsApp e o Instagram. Já o Google é o ponto de partida da internet de muitas pessoas – especialmente para usuários de países emergentes. A Apple concentra muita influência em desenvolvedores de aplicativos; já a Amazon domina o comércio eletrônico nos EUA e busca seguir a mesma rota em outros países. Vale lembrar ainda que o Google, por exemplo, já foi multado três vezes pela União Europeia em questões antitruste. 

Outro aspecto relevante a ser considerado é o fato de que o presidente americano, Donald Trump, é um crítico severo das empresas de tecnologia. Segundo Trump, as empresas de redes sociais e o Google oprimem o discurso conservador em suas plataformas – o político, porém, nunca apresentou evidências sérias sobre o tema. Além disso, o republicano também costuma constantemente criticar a Amazon por "obter vantagens injustas" do correio americano, sem fornecer provas sobre o assunto. 

As gigantes de tecnologia também estão na mira de candidatos democratas à presidência dos EUA, em disputa marcada para o ano que vem. As manifestações mais fortes vêm de duas senadoras: Elizabeth Warren e Kamala Harris, que já chegaram a defender, por exemplo, que as empresas do setor têm de ser divididas ao meio por conta de seu poder, como já aconteceu, por exemplo, com a Standard Oil de John Rockfeller. /COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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