Para pesquisadora Danah Boyd, as duas abordagens da internet têm consequências ruins
Por Nicolas Henriques*Especial para o ‘Link’
AUSTIN – Em palestra no sábado, 10, durante o festival South by Southwest, a pesquisadora Danah Boyd (ou danah boyd, em letra minúscula, como prefere assinar) focou em um assunto polêmico: o anonimato versus a transparência radical, uma disputa que deve se acirrar cada vez mais com o aprimoramento de ferramentas como o aplicativo Highlight ou de redes sociais como o Facebook.
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Para Boyd, que estuda os hábitos dos jovens e como eles interagem nas redes, a cultura do medo tem se impregnado nas mais diversas ferramentas e formas de interação entre as pessoas. Ela é uma forma de controle público, usada por governos, publicitários, mídia e, hoje, as redes sociais. E que, neste último caso, isto se intensifica por ser um espaço de constantes mudanças e novidades, onde o desconhecido e o novo estão sempre espreitando nossas vidas. E as pessoas têm medo do novo.
Durante a palestra, tudo levava a crer que a pesquisadora apontaria que o caminho seria adotar medidas de transparência radical na internet. No entanto, em uma virada, Danah começou a pontuar os problemas que a transparência exagerada causam e como elas geram, no fundo, mais medo que o desconhecido e que o novo.
Ao pontuar questões como a Primavera Árabe, o grupo hacker Anonymous e outras revoluções que não possuem um rosto definido, Danah mostrou que grandes mudanças na internet são possíveis graças apenas ao anonimato.
Isto muitas vezes também se aplica a vida, pois as pessoas tendem a criar medo ou odiar algo (que gera medo em quem é odiado) quando se conhece tal objeto de medo ou ódio. Portanto, é muito mais saudável ter um medo do desconhecido do que ter um medo ou ódio de algo que já se conhece.
E como a própria Danah concluiu seu pensamento: “substitua o medo do desconhecido pela curiosidade”.
* É supervisor de pesquisa e planejamento da agência de pesquisa Talk Inc.