Apple é processada por rastrear usuários

Pesquisa que afirma que iPhone e iPad secretamente armazenam dados de geolocalização motivou dois usuários a entrar na justiça contra a empresa

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Por Rafael Cabral
Atualização:

A Apple está sendo processada por invasão de privacidade e fraude por dois consumidores norte-americanos, preocupados com o fato de que a companhia pode estar acompanhando e arquivando dados de geolocalização do iPhone e do iPad. Vikran Ajjampur, dono de um iPhone na Flórida, e William Devito, nova iorquino que tem um iPad, entraram com uma ação no dia 22 de abril, sexta-feira, na justiça da Flórida. A intenção deles é que um juiz proíba a marca de ter acesso aos seus dados privados.

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A questão da privacidade nos equipamentos da empresa é antiga e foi trazida novamente à tona por conta de uma conferência de tecnologia em Santa Clara, na Califórnia, em que os pesquisadores Alasdair Allan e Pete Warden mostraram que os equipamentos da companhia podem estar arquivando secretamente informações de seus usuários por até um ano. A localização exata da pessoa estaria sendo gravada em um arquivo não-criptografado, salvo dentro do próprio aparelho. Quando o equipamento é sincronizado com o iTunes, programa de gerenciamento de músicas e aplicativos da Apple, o log de informações detalhadas do GPS passa também para o computador, tornando-se alvo fácil para hackers. A função continua ativa mesmo se a pessoa resolver desligar a atividade do GPS.

“Decidimos mover a ação ao saber que a Apple basicamente está monitorando as pessoas em todos os lugares. Se você é um juiz federal, precisa de um mandato se quiser essas informações, e a Apple está tendo acesso a elas sem precisar de nada disso”, disse Aaron Mayer, advogado dos acusadores, em entrevista à Bloomberg.

Congressistas norte-americanos estão exigindo uma explicação da Apple sobre o fato, e muitos deles chegaram a enviar cartas para a empresa. O congressista Edward Markey disse em sua mensagem para a fabricante que a prática é ilegal. “A Apple precisa salvaguardar as informações de localização de seus usuários para assegurar que um iPhone não se torne um iTrack (do inglês, localizador). Coletar, armazenar e divulgar a localização de um usuário para propósitos comerciais sem seu consentimento expresso é inaceitável e viola a legislação atual”, acusou.

A Apple ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas Steve Jobs teria respondido um e-mail sobre o assunto dizendo que sua empresa não arquiva dados de localização, mas a concorrência sim. Um cliente mandou a seguinte mensagem para o e-mailsjobs at apple.com, com o qual o executivo responde algumas mensagens pontuais: “Por favor, você poderia me explicar a necessidade da função de monitoramento passivo da minha posição no meu iPhone? É um pouco irritante saber que minha localização exata está sendo sempre gravada. Talvez você possa me explicar a razão antes que eu mude para um Droid. Eles não me rastreiam”.

Ao que Jobs respondeu: “Rastreiam sim. Nós não monitoramos ninguém. As informações que andam espalhando são falsas”.

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