PUBLICIDADE

As pirâmides do Egito em 3D

Projeto do Museu de Belas Artes de Boston vai recriar o planalto de Gizé em um espaço virtual

Por Fernando Martines
Atualização:

Uma das pirâmides do planalto de Gizé                                 Foto: Reuters

PUBLICIDADE

Consideradas uma das sete maravilhas do mundo antigo (a única ainda de pé), as pirâmides do Planalto de Gizé, no Egito, só encontram par na Muralha da China como construção que mais aguça a curiosidade dos homens. Mas poucos têm a oportunidade de viajar até a África para conhecê-las. Mesmo os que vão ao deserto ver as pirâmides devem passar por um processo burocrático que impede um acesso completo ou que limita o tempo de observação. Some a tudo isso o fato de diversas tumbas, fragmentos e sarcófagos já estarem muito deteriorados em relação a quando foram descobertos, e fica claro que a vida de quem quer conhecer ou estudar as pirâmides de Gizé não é fácil.

Pensando tanto nos estudantes e pesquisadores quanto no público comum, o Museu de Belas Artes de Boston resolveu levar as pirâmides de Gizé para dentro de seu salão reservado à arqueologia. Junto com a empresa Dassault Systémes, a instituição norte-americana vai reproduzir o Planalto de Gizé em um ambiente de realidade virtual interativo. Para o visitante ou cientista, bastará usar um óculos e comandar alguns botões para poder passear pelas pirâmides optando em quais portas entrar e em quais locais chegar mais próximo para uma melhor observação (veja vídeo abaixo).

A Gizé virtual é baseada no trabalho de George Reisner, egiptólogo que morreu em 1942 e que durante boa parte de sua vida se dedicou a pesquisar as pirâmides para o Museu de Belas Artes de Boston e para a Universidade Harvard. Todo o material coletado pelo egiptólogo será digitalizado e com base nisso será construído um ambiente virtual interativo.

“Reisner era um cientista e por isso documentou cada fase de seu trabalho no Egito por meio de milhares de fotos, desenhos, relatórios, textos. Esse cuidado em catalogar tudo fez que esse nosso projeto fosse possível”, explica ao Link Peter Der Manuelian, diretor do Museu de Belas Artes de Boston, professor de arqueologia de Harvard e um dos principais nomes envolvidos no projeto.

O projeto, que custou US$ 3 milhões, estará disponível ao público em março do ano que vem. E não só para quem for a Boston: ela também será acessível pela internet e por pessoas que tenham TVs 3D em casa.

Acima, prévias de como ficará a virtualização do Planalto de Gizé no Museu de Boston

Publicidade

A reprodução virtual das pirâmides não serve apenas para leigos ou estudantes e cientistas aprenderem algo por trás daqueles óculos. Der Manuelian é enfático ao dizer que todos tirarão proveito: “Muitas das tumbas de hoje estão trancadas ou em estado péssimo de conservação o que dificulta ver cores, desenhos, inscrições, detalhes que décadas atrás, quando essas tumbas foram descobertas por Reinser, estavam muito mais nítidos. Isso abrirá muito as possibilidades de estudo”.

 

Caras novas

Além dos avanços nos estudos sobre o Egito Antigo, outra expectativa de quem está envolvido no projeto é fazer com que uma nova parcela da população passe a frequentar o Museu de Belas Artes de Boston. Peter Der Manuelian acredita que isso vai acontecer naturalmente e que os museus de ciência e história devem usar todos os meios possíveis para fazer com seus acervos se mantenham vivos e interessantes. “Acabou o tempo em que você ia a algum museu ver algo estático. Devemos usar smartphones, redes sociais, realidade interativa, tudo que for possível para que nossa coleção se comunique com o público”.

Fachada do Museu de Belas Artes de Boston                             Foto: Flickr Zenmama

PUBLICIDADE

Aulas de campo?

De todas as pessoas que serão beneficiadas com o projeto, as que abrirão os sorrisos mais largos serão com certeza os estudantes de arqueologia de Harvard. Isso porque a partir do ano que vem eles terão aulas com Der Manuelian no museu. Será quase como ter aulas in loco (como se o professor de História do Brasil nos transportasse para a Rio de Janeiro do séc. 19 nas aulas sobre a vinda da corte portuguesa). “Hoje, podemos sanar dúvidas dos alunos falando ou mostrando vídeos e fotos. No ano que vem, quando um aluno tiver alguma dúvida, poderemos parar a classe e ir até o ambiente virtual onde ele verá onde determinada estátua foi descoberta ou como era a tumba em seu ambiente original” prevê um feliz Peter Der Manuelian.

o professor nos transportasse para a Rio de Janeiro do séc. 19

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.