Atrás do lucro

Distribuidora digital conecta músicos a sites de streaming e lojas online, para tentar convencer que download gratuito não é a única opção para os artistas

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Por Camilo Rocha
Atualização:

Distribuidora digital conecta músicosa sites de streaming e lojas online, para tentar convencer que download gratuito não é a única opção para os artistas

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SÃO PAULO – O download gratuito virou norma na música brasileira. Na cena independente, em especial, a maior parte dos artistas simplesmente não considera mais a opção de colocar um CD novo para venda. Até um álbum tido como um dos melhores de 2012, Tudo Tanto, de Tulipa Ruiz, está todinho de graça no site da cantora.

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É um cenário muito diferente do que existe nos Estados Unidos, onde é raro ver um álbum de graça de um artista reconhecido. No máximo, uma música ou um remix, oferecido em troca de um “curtir” no Facebook ou um e-mail para cadastro.

Essa é uma história que incomoda faz tempo o empresário norte-americano Emmanuel Zunz. Para ele, criou-se uma forte cultura de música de graça no País porque por muito tempo não existia opção legal para o download de música. “Não tinha loja ou serviço interessante para os fãs. Não havia canal de venda ou distribuição. Os artistas acabaram colocando suas músicas em sites como Rapidshare”, diz.

Zunz viu na situação uma oportunidade de negócio e criou a distribuidora digital OneRPM. A empresa oferece a artistas pacotes para colocar e monitorar sua obra em sites e lojas online, incluindo GrooveShark, YouTube, iTunes Store, Rdio e Spotify. Sua comissão é de 15%, além de uma taxa única de inscrição.

Entre os clientes brasileiros mais conhecidos estão Chitãozinho & Xororó, BNegão e Emicida. O site da empresa também funciona como loja digital. “Uma artista do patamar de Tulipa Ruiz não precisa dar o disco todo de graça”, afirma Zunz. “O artista mesmo não acredita que dá para ganhar com música digital. Os últimos dez anos provaram isso para ele.”

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Para ele, o cenário justifica cada vez menos essa opção. Lojas como iTunes e Amazon já estão entre nós. Entre os serviços de streaming, depois do pioneiro Rdio, o Deezer acaba de chegar e o Spotify vem logo mais.

O problema é que o streaming ainda paga pouco. Um artista precisa ter quatro milhões de músicas tocadas no Spotify para ganhar em direitos autorais o equivalente a um salário mínimo norte-americano.

A OneRPM não recolhe dinheiro de direitos de execução, que é alçada do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), e sim os de sincronização. É a autorização para que uma obra seja incluída em trilha de produção audiovisual. Um vídeo do YouTube se encaixa nisso, ainda que seja apenas um fundo preto com uma música tocando. O YouTube oferece outras possibilidades. “Com streaming é preciso ter volume. E o YouTube é o maior site de streaming do mundo”, diz Zunz. “Por isso, não cobramos do artista para trabalhar com o YouTube.” Pacotes da OneRPM prometem ao artista serviços “premium” do site.

O OneRPM cria um canal para o artista no YouTube, em que só é permitido colocar obras próprias, e o músico recebe uma receita dos anúncios veiculados na página e nos vídeos. O artista também tem direito a identificação de conteúdo, chamado “fingerprint” (impressão digital). A ferramenta varre o YouTube atrás vídeos com músicas do artista. Juliano Polimeno, representante da OneRPM, exemplifica: “Um fã botou sua música em um vídeo. A ferramenta passa a monetizar o conteúdo”.

Para Zunz, o trabalho da OneRPM está no começo. “No primeiro ano do iTunes no Brasil, nossa rentabilidade subiu mais de 500%. Em 2013, esperamos crescer o mesmo.”

CRIE

O artista compõe e produz sua obra. Ele pode então procurar uma gravadora para colocá-la no mercado ou partir para um lançamento independente, cuidando da divulgação e da venda

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O artista precisa registrar suas obras numa editora para receber direitos autorais. Se a música for usada em uma peça audiovisual, ele pode receber direitos de sincronização

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Através de uma distribuidora ou gravadora, o artista pode colocar sua obra em lojas online como iTunes e Amazon ou em sites de streaming como Deezer e Spotify, que chega em breve ao Brasil.

CONFIRA

Artistas com canal próprio no YouTube recebem por anúncios veiculados ou pelo uso de sua música em vídeos. Em lojas como iTunes e Amazon, cada venda faz pingar alguns centavos.

RECEBA

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Empresas como a OneRPM verificam as execuções de streaming e vendas de uma obra. Sites como o YouTube fornecem dados e mapeiam o uso da música

—-Leia mais:Link no papel – 28/01/2013

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