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Bitcoin prospera em meio a dúvidas

Moeda virtual tem alta histórica, ganha novos adeptos e preocupa governos por criar sistema alternativo

Por Murilo Roncolato
Atualização:

Moeda virtual tem alta histórica, ganha novos adeptos e preocupa governos por criar sistema alternativo

 

SÃO PAULO – A cotação da moeda virtual Bitcoin atingiu, na semana passada, o seu ponto mais alto no Mt.Gox – serviço de câmbio mais popular da rede – desde que começou a circular, em 2009. A moeda chegou ao valor de US$ 458. Há pouco mais de um mês, a cotação não passava dos US$ 150. A volatilidade impressiona, mas parece não assustar. A chamada “moeda da internet” não para de ganhar adeptos no mundo todo e preocupa bancos e governos que não participam do jogo.

 

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O desafio para esse sistema monetário tão rebelde quanto a própria internet, agora que ganhou os holofotes, é se provar maduro e confiável, embora não faltem críticos dizendo que a moeda virtual é brincadeira de criança.

Em outubro, o professor de negócios do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Simon Johnson, previu que o Bitcoin sofreria “grande retaliação política” e questionou se “as pessoas por trás da moeda” estariam prontas para isso. Na ocasião, o diretor de tecnologia do BitPay (que faz a intermediação de compra e venda de itens por meio do Bitcoin) contou estar sendo procurado por autoridades interessadas em saber das atividades da startup.

Desde a derrubada do Silk Road, site onde usuários protegidos pelo anonimato compravam drogas e armas usando bitcoins, o interesse dos Estados só tem aumentado. Prova disso, é a sessão marcada para hoje no Senado americano para discutir moedas virtuais.

Debate O economista e professor da USP, Gilson Schwartz, vê nas moedas virtuais potencial para afetar a economia do “mundo real”. “É certo que exageros tornam-se autodestrutivos. A moeda sem Estado é um instrumento pré-capitalista, o Estado sem moeda existiria apenas numa distopia comunista com planejamento centralizado”, avalia. “Entre esses extremos, os meios de pagamento digitais ainda podem crescer muito e, sim, afetar o valor de moedas emitidas por governos.”

A moeda virtual, no entanto, é cercada de críticos, como o economista Paul Krugman, que classificou o Bitcoin como um “sonho impossível”, e questionou a integridade do seu sistema. Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos EUA, apontaram recentemente uma “brecha” no sistema de gestão e emissão da moeda que permitiria a um grupo de pessoas ganhar mais do que mereciam e, assim, corromper o caráter descentralizado da rede.

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Você usaria moedas virtuais?

A estudante de graduação Sarah Meiklejohn, da Universidade da Califórnia (UCLA), diz que é possível rastrear as transações da moeda caso seja necessário. Para isso, o governo ou as autoridades policiais precisariam ter controle das agências de câmbio virtuais, o que acabaria com a garantia da privacidade das operações.

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Para Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin, maior site de câmbio da moeda do Brasil, a aprovação do Estado – como fez a Alemanha, ao considerar o Bitcoin uma moeda aceitável – é fundamental para que o seu uso ganhe escala. Enquanto isso não acontece, ele continua a incentivar o uso de Bitcoin no Brasil. O primeiro a ser convencido foi o taxista paulistano Fernando Moreira. “Não tenho medo do novo. Por enquanto, me dei bem. O Rodrigo pagou a corrida com 0,4 centavos de Bitcoin. Na época, isso valia R$ 70, mas, com a cotação de hoje, já dá R$ 500”, comemora. “Ele foi meu único cliente, mas na Copa isso vai bombar”, prevê.

Embora os maiores envolvidos com a moeda no Brasil sejam especuladores, que lucram com o sobe e desce da cotação, a tendência é o uso do Bitcoin por serviços aumentar. A responsável pelo Bar Las Magrelas, Talita Noguchi, está confiante. “Pelo que vi desde que implementei, a coisa funciona. E o negócio vai ficar maior, você vai ver.”

 
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