Bodas reais e multimídia

O primeiro casamento digital da coroa britânica

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Por Redação Link
Atualização:

Estas podem não ser as primeiras bodas reais da era digital, mas serão as primeiras com o cerimonial completo da coroa britânica na era digital, nas quais um possível futuro rei da Grã-Bretanha vai se casar.

 

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Assim, quando o príncipe William desposar Kate Middleton no dia 29 de abril, o evento será celebrado com uma série de marcos inaugurais na mídia.

Está é a primeira vez em que um casamento da família real britânica vai ser transmitido ao vivo via streaming. Será o primeiro casamento a dar origem a aplicativos para celulares. E a primeira cerimônia a ter a trilha lançada no iTunes horas após o sim.

É claro que esses são apenas alguns exemplos do crescente frenesi envolvendo o evento. Para as organizações mundiais de mídia – entre elas gigantes da televisão, como a BBC, canais da TV a cabo, como o TLC, e uma gama de veículos digitais – o dia 29 de abril é uma data de grande importância.

Como foi que o matrimônio de um jovem casal, um dos rituais mais tradicionais do mundo, virou um festival interativo, multimídia, multicanal, multiplataforma, otimizado para mecanismos de busca e enredado em conteúdo gerado por usuários, pronto para ser baixado na internet? Bem, não estamos falando de um jovem casal qualquer e, depois de uma crise econômica global, desastres no Japão, levantes no Oriente Médio e tantas outras notícias de peso das últimas semanas e meses, os executivos das empresas de mídia dizem crer que o público está ansioso por uma folga.

“Há muitas coisas sérias e difíceis ocorrendo no mundo atualmente e estamos dedicando muito de nossos recursos à cobertura destes eventos”, disse Mark Lukasiewicz, vice-presidente de especiais e mídia digital na divisão de jornalismo da emissora norte-americana NBC. “Acho que o público vai receber bem um acontecimento como esse, mais voltado para a pompa e a diversão de outras eras.”

Pouco tempo depois do príncipe William ter anunciado seu noivado com Kate, no último mês de novembro, os veículos jornalísticos começaram a trabalhar. Jornais como o Washington Post e sites como o Huffington Post logo criaram seções online especialmente dedicadas ao tema – o Huffington Post chegou a declarar que “há notícias tão importantes que merecem ter sua própria página”.

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Para a família real, criticada por sua resposta distante diante das manifestações de pesar do público britânico após a morte de Diana, os preparativos para o casamento têm sido também uma espécie de exercício de gestão de marca.

Enquanto no passado os nobres poderiam ficar satisfeitos em deixar que a mídia fizesse seu trabalho, desta vez eles prepararam seu próprio site oficial.

A presença digital inclui também perfis do Facebook e no Twitter dedicados ao casamento real. A maioria das mensagens publicadas no perfil do Twitter do casamento parece emanar da Clarence House, o gabinete do príncipe Charles, e tendem para as amenidades: “Acho que serão um par perfeito”, opinou o irmão mais novo de William, o príncipe Harry (ou um de seus assessores de imprensa), em contribuição recente à página do casal.

A família real tem também se mostrado receptiva às iniciativas como a do grupo Universal Music, cujo selo Decca planeja lançar a trilha sonora da cerimônia de casamento na loja do iTunes, da Apple, e posteriormente no formato de um CD. Esta pode ser uma rara oportunidade para levar os músicos do coro da Abadia de Westminster, do Coro Real da Capela, da Orquestra de Câmara de Londres e da equipe de fanfarra da Banda Central da Força Aérea Real, que devem se apresentar na cerimônia, ao topo das paradas de sucesso. Em troca, a gravadora prometeu fazer uma doação para a caridade.

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Mas até a realeza mais sintonizada nos avanços tecnológicos precisa estabelecer seus limites. Isso ocorreu quando eles recusaram um pedido da Sky para a transmissão do casamento em 3D. A Sky se esforçou muito para tentar convencer a família real dos méritos do formato 3D, chegando a encenar e filmar um casamento falso numa igreja próxima a Londres.

A Clarence House, que organiza os preparativos da cerimônia, explicou que não desejava administrar a presença adicional das câmeras 3D na abadia, onde ocupariam muito espaço. “Sei que todos estão cada vez mais entusiasmados com o formato 3D e sinto muito por desapontá-los”, escreveu um porta-voz em carta endereçada à Sky e outras emissoras, citada pelo jornal britânico Guardian.

“Espero que vocês percebam que o processo pelo qual passamos será útil para a cobertura de outros eventos ao vivo e certamente não excluímos a possibilidade de autorizar a cobertura em formato tridimensional em algum momento futuro.”

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Em outras palavras, se o príncipe Harry um dia decidir se casar, é possível que ainda haja espaço para que ele se torne também um inovador da mídia.

/ Tradução de Augusto Calil

Bonecos que soltam balinhas; selos destacáveis dos noivos (caso o casamento acabe); boneca de Kate e suvenir em forma de saquinha de chá 

—-Leia mais:Link no papel – 11/04/2011

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