PUBLICIDADE

Bom até para quem é ruim

A princesa é capturada de novo, mas ‘Super Mario Galaxy 2’ reinventa quase tudo

Por Redação Link
Atualização:

por Seth Schiesel, do The New York Times

PUBLICIDADE

Tendo jogado videogames a vida inteira, meu maior constrangimento é não ser um bom saltador. O problema é o jogo de plataforma – aqueles em que o protagonista percorre, pulando, trechos em níveis diferentes.

Shigeru Miyamoto e a Nintendo criaram este padrão em 1981, com o primeiro Donkey Kong, estreia mundial do personagem Mario (que, enquanto não tinha nome, era conhecido apenas por Jumpman – saltador).

Em Super Mario Galaxy 2, Yoshi está de volta

Joguei muito Donkey Kong no fliperama, mas nunca fui bom nele. Eu era melhor em jogos que exigiam noção espacial (Ms. Pac Man) e era bem bom em jogos de tiro (Galaga e Gyruss), mas pular com precisão por cima de lava ou o que fosse sempre foi uma chatice para mim.

Quase 30 anos depois, Nintendo, Miyamoto e Mario ainda são insuperáveis nos jogos de pular, como demonstrado em Super Mario Galaxy 2, lançado no domingo passado nos EUA.

Nem eu achei o jogo chato. Porque ele não é. O que outros dizem com palavras e personagens, Miyamoto traduz com sua imaginação física, visual e neuromecânica. Ele é um dos poucos criadores de jogos que conseguem desenhar uma experiência interativa vasta e visceral com dezenas de horas e distinto senso de progressão sem que a história faça sentido. Tudo que você precisa saber é que a princesa Peach foi sequestrada pelo Bowser e que Mario deve salvá-la.

Publicidade

No caminho, ele deve atravessar mundos tridimensionais que brincam com quase todas as certezas envolvendo espaço e gravidade para então reafirmá-las.

O novo título reinventa o vernáculo visual e astral de décadas de Mario. É claro que, no fim das contas, é basicamente um jogo de correr e pular na direção indicada, como qualquer jogo de plataforma. Super Mario Galaxy 2 explora essa ideia ao máximo em ambientes meticulosamente desenhados. Mas a melhor coisa neste novo Mario é que mesmo um saltador de meia tigela, como eu, pode curtir a companhia do ás das plataformas.

Isso porque um segundo jogador pode aparecer no meio da ação, como se fosse um cursor na tela, para ajudar Mario (ou Luigi, se você o encontrá-lo) a juntar prêmios e achatar em inimigos.

O mérito dessa forma de jogar com dois personagens é que ela é inteiramente cooperativa. Uma das falhas do bidimensional New Super Mario Bros., lançado no ano passado, era que quando você jogava com mais de um jogador na mesma partida, eles quase sempre acabavam se bicando e empurrando uns aos outros em cima de monstros e ameaças.

PUBLICIDADE

Isso fez que as pessoas não se entusiasmassem em jogar juntas. Num contraste bem-vindo, no novo Super Mario Galaxy o jogador quase sempre pode pedir a ajuda de um segundo participante, e o trabalho em equipe pode ser recompensador.

Admito de cara que passei boa parte do meu tempo em Galaxy 2 como segundo jogador, observador e estrategista (“vai ali!”) enquanto um par de amigos se concentrava no pula-pula. E foi muito divertido – é ótimo poder ir bem em um jogo como parte de uma experiência em equipe com mais alguém, em vez de partir para a competição.

Suspeito que, com Super Mario Galaxy 2, muitos pais e caras-metades de fãs de jogos de plataforma descobrirão o mesmo.

Publicidade

Dois perdidos numa fila curta

Era uma fila de dois. William Francis e Julio Sarmento chegaram ao Rockefeller Center, em NY, na sexta, 21. O objetivo: comprar Super Mario Galaxy 2, que começou a ser vendido na Nintendo World Store às 11h do domingo. “Pego filas para mostrar minha dedicação à empresa”, disse Francis. Lançamentos de jogos há tempos geram longas filas, o que é, entre gamers fanáticos como eles, uma espécie de medalha de honra. Sarmiento não conhecia Francis, mas ficou feliz por ter companhia. “Eu precisava de alguém para conversar e tomar conta das minhas coisas.” Francis vestia camiseta e calção e tinha um Nintendo DS no bolso. Sarmiento trouxe seu DS, uma espreguiçadeira, cobertor e uma muda de roupas. Os dois ficaram a maior parte do tempo sozinhos, mas quando um deles ia comer ou carregar o DS, o outro guardava o lugar. Chegar cedo tem suas vantagens. Na sexta, Charles Martinet, dublador de Mario, foi conversar e dar brindes a eles. “Ficar na fila”, disse Francis, “é como ter uma edição de colecionador do jogo”.

Brian Crecente, editor do Kotaku.com

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.