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Brasil Game Show abre espaço para brasileiros ?indie?

Maior feira de games do País é vitrine para que produtoras nacionais façam negócios e tentem atrair público; evento abre hoje ao público e espera 250 mil visitantes até domingo

Por Redação Link
Atualização:

Por Murilo Roncolato e Bruno Capelas

 

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SÃO PAULO – A maior feira de games do Brasil, a Brasil Game Show, abriu seu espaço para imprensa e convidados ontem trazendo novidades das grandes empresas do setor, como Xbox, Playstation, Ubisoft, Activision e Konami, mas também com espaços reservados para que produtoras brasileiras mostrem seus jogos. A feira abre as portas ao público em geral hoje e segue até domingo – os ingressos para o fim de semana já estão esgotados.

Anunciado pela organização como um dos destaques da edição de 2014, o “pavilhão indie” reuniu pequenas empresas brasileiras, que pagaram pouco mais de R$ 3 mil para exibir suas novidades. O nome, no entanto, engana. o espaço reservado tem pouco mais de 50 m² e reúne pequenos estandes, localizados no extremo da feira, longe dos holofotes das grandes empresas.

Para o idealizador do evento, Marcelo Tavares, o pavilhão deve ser visto como uma oportunidade. “Os indies estão satisfeitos em mostrar seu jogo ao lado das gigantes”, diz.

Pérsis Duaik, desenvolvedor do game brasileiro Aritana, vê que apesar dos pontos contrários, o jeito é tirar o máximo da situação.

“A gente está num lugar um pouco mais distante, o acesso é mais díficil, longe das grandes. Mas se você vier com ‘a faca no dente’ e pensar que está no mesmo lugar que Xbox e Playstation e fizer de tudo para atrair o cara que ver o novo Call of Duty, já vale o investimento.”

O vizinho de estande Diego Freire, responsável pela parte comercial do estúdio indie Garage 227, está apostando as mesmas fichas que Duaik. Para ele, garantir que o game Shiny, com apenas três meses de desenvolvimento e atualmente na disputa por uma vaga no Greenlight da Steam, seja visto e falado e o mais importante.

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“Nosso objetivo é garantir visibilidade, fazer networking. O valor era alto, mas como todos os quatro membros do estúdio têm trabalhos paralelos, deu para vir”, diz Freire, referindo-se aos colegas, que se conheceram enquanto estudavam game design na escola Saga.

“Hoje já tivemos muito contato, amanhã a gente prevê muito publico jogando e também muitos desenvolvedores vindo conferir nosso trabalho”, diz.

Com um pouco mais de evidência, próximo dali estão estandes um pouco maiores, reservado para quem preferiu investir um pouco mais. Entre eles, o estúdio brasileiro Swordtales, o primeiro a receber verba da Lei Rouanet para produzir um jogo, o Toren, previsto para ser lançado em 2015 para PS4.

Vitor Severo, que assina o game, diz que reconhece o alto investimento para estar ali, e acredita que a feira é para poucos.

“Vir ou não depende do foco da empresa. Aqui 90% do foco estão jogos grandes, embora venham pessoas interessadas, querendo também dar uma olhada nos games indies”, diz. “Para quem tem que tirar do próprio bolso, é complicado. No nosso caso, com Lei Rouanet e apoio da publisher, conseguimos dinheiro para investir em publicidade, e não só em desenvolvimento.”

Severo diz lamentar que existam poucos estandes indies na feira, mas diz que vale a pena visitá-los. “Todos os que vi são bons projetos. Há poucos estandes, mas isso tende a crescer.”

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Sony e Microsoft, as duas principais fabricantes de consoles do mercado (Playstation e Xbox, respectivamente), também dão seus passos para tentar abarcar o talento presente nos estúdios independentes do mundo todo.

Em relação a Brasil, a Microsoft anuncia novidades por aí. “Estamos trabalhando com empresas nacionais, mas ainda não falamos em nomes. Devemos soltar isso apenas quando estivermos perto de publicar algum jogo”, diz Esteban Lora, chefe global de marketing do ID@Xbox, o programa de incentivo da Microsoft a jogos indie.

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Já a Sony abriu espaço para cinco produtoras da América Latina, sendo três delas brasileiras: Pocket Trap, Ilusis (donos do game Krinkle Krusher) e Behold Studios.

Henrique Caprino é um desses indies “privilegiados”. Seu estúdio, o Pocket Trap, no qual trabalha com outros dois amigos, desenvolve o game Ninjin: Clash of Carrots, que estreia para Playstation 4 no ano que vem.

“Estávamos no ano passado aqui, fazendo reunião com a Playstation. Um ano depois, estamos mostrando nosso game para todos. Ainda não caiu minha ficha”, diz Caprino, que concluiu sua faculdade de Design de Games há apenas dois anos.

Sobre o espaço dado, ele opina que se trata de um início, mas que, assim como a “cena indie” brasileira, isso tende a crescer cada vez mais. “Vão aparecer não só mais coisas, mas coisas com qualidade. O espaço indie vai estar maior e ainda mais próximo dos grandes, é o meu sonho.”

Para Marcos Venturelli, do estúdio Behold, responsável pelo jogo Chroma Squad, o tamanho da indústria brasileira é um “reflexo do comportamento do consumidor brasileiro, que se volta prioritariamente para os jogos das grandes empresas”. Segundo o desenvolvedor, “montar um estande na BGS não vale o custo. O tipo de consumidor que a feira atrai não compra o nosso jogo”.

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Venturelli compartilha de um pensamento bem comum entre os indies, o de resistência aos grandes estúdios. Ele diz não se sentir atraído pelas grandes produções, mas sim em fazer os jogos que acredita. “Se você me der US$ 100 milhões, eu não vou fazer um jogo de US$ 100 milhões. Vou fazer 100 jogos menores de US$ 1 milhão. É o que eu gosto, é o que faz sentido para mim.”

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