Brasil registra o maior número de ataques cibercriminosos da América Latina em 2020
Um levantamento da Kaspersky identificou que mais da metade dos ataques domésticos e a empresas na região acontece no Brasil
29/09/2020 | 14h13
Por Bruna Arimathea* - O Estado de S. Paulo
Segundo o levantamento, o País registra 55,97% dos ataques à usuários domésticos e 56% à dos ataques à usuários empresariais
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O Brasil foi o país da América Latina que registrou maior número de ataques cibernéticos durante a pandemia, aponta um estudo da empresa de cibersegurança Kaspersky. Em evento online nesta terça-feira, 29, a empresa apresentou um relatório de segurança que aponta que o País recebeu mais ataques na região tanto em ambientes domésticos (isto é, em ataques a pessoas físicas) quanto corporativos.
Segundo a pesquisa, levando-se em conta o total de ataques na América Latina, o Brasil registrou 55,97% das invasões a usuários domésticos (de computadores e notebooks em casa) e 56% dos ataques a empresas. Os dados foram reunidos por nove meses, desde janeiro deste ano — além do Brasil, o relatório considerou dados de Argentina, México, Peru, Colômbia e Chile.
O número, porém, não significa exatamente que o brasileiro esteja mais vulnerável a receber ataques. Dmitry Bestuzhev, diretor da Kaspersky para a América Latina, afirmou que, em números absolutos, é natural que o Brasil ocupe a primeira posição em volume de ataques, pela sua dimensão e população, mas que quando se calcula um coeficiente de ataque, outros países se destacam entre os crimes. “Onde vivem mais usuários é onde tem mais ataques, naturalmente. Nos últimos nove meses, registramos mais de 20,5 milhões de ataques a usuários domésticos, por exemplo. Mas fizemos um coeficiente para ter uma ideia de qual o verdadeiro índice de perigo, para podermos enfrentar as ameaças corretamente”, afirmou Bestuzhev.
Esse coeficiente de perigo em questão é uma proporção que considera o número de ataques e o tamanho da população de cada país. Nesse aspecto, a Argentina aparece como o país com maior chance de receber ataques, tanto nos casos dos crimes voltados ao usuário doméstico quanto nos cibercrimes a empresas — o Brasil ficou na terceira colocação de ambas as categorias.
Desde o começo do ano, segundo o estudo, o número de ataques cresceu quatro vezes. Em fevereiro, foram registrados cerca de 20 milhões de ataques por dia. Em abril, começo da pandemia do novo coronavírus, o número subiu para quase 90 milhões por dia, e se manteve alto até então.
Bestuzhev lembra que esses ataques envolvem principalmente trojans bancários, em que hackers instalam softwares maliciosos capazes de roubar dados bancários, senhas e códigos.
Outro parâmetro destacado por Bestuzhev é o surgimento de uma categoria de ataques que visam especificamente aparelhos celulares. Nesse segmento, o Brasil surge mais uma vez com os maiores números absolutos da América Latina, com 66% dos ataques e, pela primeira vez no estudo, se configura como o país com a maior probabilidade de receber um golpe via celular.
Tipo exportação
Os golpes desenvolvidos na América Latina também estão se espalhando pelo mundo. Segundo Fábio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky, um software malicioso brasileiro chamado Tétrade está crescendo em formas de atuação e avançando também pela Europa.
De acordo com o analista, esse tipo de ataque usa mensagens relacionadas à pandemia via e-mails e com identidade visual semelhante à empresas conhecidas, com o objetivo de ganhar a confiança das vítimas.
Os ataques também têm como foco a fraude bancária e podem driblar processos de dupla autenticação e sistemas operacionais como senha e tokens de segurança de bancos, utilizados em transações pela internet.
O golpe em questão também atinge celulares, alerta Assolini. Nos aparelhos, o cibercriminosos chegam aos dados por meio de um arquivo baixado que, depois de instalado, não pode ser removido manualmente. Por enquanto, segundo o analista, o ataque nos celulares foi identificado apenas no Brasil, mas pode se espalhar para outros países.
*É estagiária, sob supervisão do editor Bruno Capelas
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