PUBLICIDADE

Brasileiro já contrata internet mais veloz

Dados do Comitê Gestor da Internet mostram que, para brasileiro, 1 Mbps já é pouco

Por Murilo Roncolato
Atualização:

??? Dados do Comitê Gestor da Internet mostram que, para brasileiro, 1 Mbps já é pouco

PUBLICIDADE

SÃO PAULO – Dados da pesquisa anual do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), a TIC Domicílios, apontam que o brasileiro já está deixando de contratar velocidades inferiores a 1 megabit por segundo (Mbps) e optando por uma internet mais rápida do que a proposta pelo Plano Nacional de Banda Larga (PBNL). E, se depender das projeções da pesquisa divulgada nesta terça-feira, 28, o PNBL já deve nascer ultrapassado.

—- • Siga o ‘Link’ no Twitter e no Facebook

 

Após o puxão de orelha da presidente Dilma Roussef em abril, o Ministério das Comunicações passou a propor um plano de internet báscio com velocidade mínima de 1 Mbps a R$ 35 mensais. Antes, a proposta era de uma conexão de 600 Kbps ao mesmo preço. A previsão é de que até o final de 2014, todo o País seja atendido.

“Nós estamos começando atrasados”, diz Hartmut Glaser, secretário executivo do CGI.br. “A demanda era grande, por isso o Brasil optou por uma implementação mais modesta, mas mais abrangente”.

Para Glaser, o Plano dará o “arroz e feijão” primeiro e a Telebrás funcionará como um “piso” para a oferta do serviço. “São 90 milhões de usuários ‘sem a Telebrás’, a principal preocupação é incluir os excluídos. Classes A e B acham soluções no mercado. Classes C, D e E, com 1 ou 2 megabits já vão poder fazer muita coisa”, acredita.

Franklin Coelho, ex-coordenador do Piraí Digital, projeto que ligou todos os departamentos públicos da cidade do interior fluminense à internet, afirma que os debates em torno de velocidades representam uma  “discussão da nossa miséria”. “Não há dificuldade tecnológica. Enquanto a gente finge que tem banda larga, perde-se tempo na internet. Não se sobrevive assim numa perspectiva de inserção de sociedade de conhecimento”, disse.

Publicidade

Dificuldades. O estudo da CGI.br apontou que a principal dificuldade do brasileiro na internet (37%) são os sites que demoram a carregar, apontada pelos quase 25 mil entrevistados quando perguntados sobre o uso da rede. O dado pode ser interpretado como um problema gerado por conexões lentas. “É como tentar ver um vídeo no YouTube com uma internet de 256 Kbps, vai ficar travando”, comenta o organizador do estudo, Alexandre Barbosa.

À frente da consultoria Teleco, Eduardo Tude entende que um primeiro passo é necessário. “Olhando para o mundo, vários países fizeram um plano de banda larga. Em um primeiro momento se leva 1 Mbps para todos, agora estão levando internet de 100 Mbps e daí vão avançando”, acredita.

A terceira revisão do PGMU será formalizada nesta quinta-feira, 30, pelo governo. O documento que agrega as metas de universalização para a telefonia fixa foi usado pelo governo para negociar melhorias no PNBL com as operadoras. O fim desse instrumento de negociação gera receio aos setores preocupados com as condições com as quais o serviço poderá ser oferecido futuramente dentro do Plano.

“Propostas do Plano de Banda Larga não devem avançar depois da assinatura do PGMU”, diz Veridiana Alimonti, advogada do Idec e membro da campanha ‘Banda Larga é um direito seu’. “Hoje, as empresas ganham um pacote de bondade, a Telebrás assume um caráter mais comercial, e o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, passa a falar em parcerias público-privadas. Seria importante determinar as condições dessas PPPs”, afirma.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Novo perfil de usuários. A melhor relação com tecnologias de comunicação e as condições econômicas no País mudaram a cara do usuário comum. Dados do CGI.br apontam um crescimento de 60% no número de residências com computadores no País. Só na classe C, o aumento foi de 67%. E cada vez mais casas estão conectadas. Em 2010, o número de domicílios com internet subiu 15%, e 12,5% na classe C.

Por causa disso, lan houses estão perdendo cada vez mais frequentadores. A falta de computador ou internet em casa é a  principal razão pela qual os brasileiros vão às lan houses. Em 2007, a lan house se tornou o principal local de acesso pela primeira vez, com 49% contra 40% acessando nas residências. A diferença diminuiu em 2008, virou em 2009, quando as casas tinham 50% contra 44% das lans e, em 2010, os números foram mais discrepantes, 57% contra 34%.

Barreiras. O estudo mostra que as principais razões do brasileiro por não ter internet em casa são custo elevado (49%), fora da área de cobertura (23%), conecta-se em outro lugar (16%) e não tem interesse ou necessidade (16%). Na zona rural, a falta de cobertura é a principal razão (63%), o que evidencia a falta de infra-estrutura ou interesse em atender regiões não urbanizadas ou mais distantes.

Publicidade

—-Leia mais:Banda larga à procura de parceriasGoverno reduz impostos por banda largaRogério Santanna deixa presidência da TelebrásFaixa adicional

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.