Brasileiros querem ser o ?YouTube dos livros?

Lançado no meio do ano passado, site de escrita colaborativa Widbook acaba de abrir escritório nos Estados Unidos

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:
Os fundadores André Campelo, Bregeiro e Flávio Aguiar vão se dividir entre Brasil e EUA. FOTO: Divulgação  Foto:

SÃO PAULO – Há pouco mais de um ano no mercado, o site de escrita colaborativa Widbook, no qual autores podem publicar livros na internet sem a necessidade de ter uma editora, acaba de abrir o seu primeiro escritório internacional em São Francisco, nos Estados Unidos.

 

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O impulso para abertura de uma operação internacional veio dos números incomuns do site: apenas 10% do tráfego do Widbook vem do Brasil. O restante – são 80 mil no total – está na Europa e nos Estados Unidos, onde a startup já é chamada de “o YouTube dos livros”.

“Infelizmente o usuário brasileiro tem um perfil mais de consumidor do que produtor de conteúdo. Em outros países a cultura é inversa e a disparidade não é tão grande”, diz Joseph Bregeiro, um dos cofundadores do negócio. “Aqui o pessoal lê o conteúdo, mas não compartilha.”

Em um momento em que novos sites como o Oyster e Scribd começam a ganhar força no mercado dando acesso à publicações de editoras por streaming, em um modelo semelhante ao da Netflix, o Widbook segue o modelo do YouTube na tentativa de revelar novos talentos.

O serviço gratuito permite ler, escrever, compartilhar e publicar livros na internet sem a necessidade de recorrer a uma editora. Os novos autores podem publicar um livro por capítulos, convidar outros escritores para escrever em conjunto, e receber comentários e sugestões sobre a obra. Já os leitores podem seguir seus autores favoritos, classificar livros e acompanhar a leitura dos amigos como em uma rede social.

Um fator que favorece a expansão internacional do Widbook foi ter desde o início uma versão da plataforma totalmente em inglês, o que abriu espaço para usuários de mais de 100 países aderirem ao sistema. “Pesquisas nos mostraram que o mercado de livros americano, europeu e australiano eram os maiores do mundo, por isso fazia total sentido ter a plataforma em inglês”, diz Bregeiro. “Muitas startups deixam isso para um segundo momento, mas acredito que a melhor decisão a ser tomada é lançar o produto no mercado já em um segundo idioma, para reduzir as barreiras”, diz.

Encomenda. O Widbook foi criado a partir da necessidade de um professor de química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que pediu aos fundadores da startup para criar uma plataforma para a publicação de artigos científicos na internet, de forma que ele pudesse interagir com os alunos.

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Ao identificar o potencial de mercado, os sócios buscaram dinheiro no mercado e receberam, no fim do ano passado, investimento-anjo do fundo brasileiro W7 Brazil Capital. Agora, a startup prepara nova rodada de investimento para o fim deste ano, com a participação de ao menos três fundos, ainda em negociação.

O novo aporte será usado tanto para melhorias técnicas quanto para abertura de escritórios na Europa e Ásia, além do lançamento de um aplicativo para iOS – atualmente, existe apenas uma versão para o sistema Android – para aumentar a presença em plataformas móveis.

O Widbook já promoveu a publicação de mais de 1,4 mil e-books completos. Hoje, 70% das publicações na plataforma são de ficção, mas a startup ainda mantém no plano de negócios a meta de estreitar os laços com universidades e instituições de ensino para uso do sistema na educação. O modelo de negócio ainda não está definido. A startup cogita desde o modelo de ganho com publicidade até a criação de um serviço premium, o que será definido no ano que vem.

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