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Butique Google

Com o trunfo de ser craque em sistema de busca, Google agora quer vestir o mundo

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Por Redação
Atualização:

Numa colisão entre nerds e fashionistas, o Google criou um site que melhora muito a venda de artigos de moda na internet. O Boutiques.com entrou no ar na quarta, 17. Ele faz tanta coisa que até os engenheiros do Google se enrolam ao descrevê-lo. É uma coleção de centenas de butiques com seleção – ou, na palavra do momento, curadoria – de estilistas, redes de varejo, blogueiros, celebridades e pessoas comuns. Lá, você pode comprar seguindo o estilo das atrizes Jamie Lynn Sigler (a filha de Tony Soprano) ou Anna Paquin (True Blood) ou criar sua própria butique. É um lugar para exibir sua sabedoria fashion.

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É também uma fonte de inspiração. Em cada butique, há dezenas de opções adicionais guiadas pelo estilo da loja escolhida – geradas por algoritmos. E se você não sabe como usar os sapatos de leopardo que comprou, há um painel de fotos estilo de rua no lado direito para ajudar. Seja qual for seu estilo – clássico, romântico, casual – o painel de inspiração se ajusta a ele, como se fosse capaz de ler sua mente.

E este pode ser o grande trunfo do Boutiques.com: a precisão com que ele analisa suas preferências para lhe dar o que você pediu. Mecanismos de busca tendem a oferecer coisas distantes do que você quer. Uma busca por sapatos verde-samambaia pode devolver sapatos verde-samambaia misturados a blusas com estampa de samambaias.

Mas, como vendedores experientes descobriram ao testar o site no escritório de Nova York do Google, se você pedir sapatos azul cobalto, você os conseguirá. E se refinar as preferências com um ou dois cliques, o resultado fica mais específico.

Boutiques.com lança mão de uma tecnologia de busca visual, e o que especialistas em estilo que participaram do projeto, como Abigail Goodman e Marissa Holtz, fizeram foi transmitir aos programadores do Google algumas nuances de cor e padrão a silhueta, o que combina e o que não cai bem junto.

A tecnologia foi desenvolvida pela Like.com, empresa cofundada por Munjal Shah, que o Google comprou em agosto por US$ 100 milhões. Antes da compra, a Like.com havia criado sites de e-commerce de moda, como o Covet.com, além da ferramenta de estilo Couturious.com. “O Like.com sempre me impressionou”, disse Sucharita Mulpuru, vice-presidente e analista de varejo da Forrester Research. “Fiquei embasbacada com a tecnologia deles na época. E eles refinaram o algoritmo de lá para cá.”

Em alta. As vendas online em geral ultrapassaram as vendas físicas diretas. “Sinto que o e-commerce nos últimos 12 meses pegou um segundo vento”, disse Mulpuru. Segundo a Forrester, as vendas de vestuário e acessórios pela internet neste ano responderão por 14%, ou US$ 25 bilhões, dos US$ 173 bilhões que os americanos gastam online.

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Algumas empresas grandes, como Amazon e eBay, vêm tentando abocanhar uma fatia maior do bolo de vestuário online. Mas, apesar de terem melhorado a aparência de suas páginas de moda, elas são limitadas por suas plataformas um tanto estáticas. É difícil misturar DVD e sapatos Louboutin de US$ 900.

Nesse meio tempo, sites especializados em moda como Shopstyle.com arregimentaram fãs. “O Shopstyle fez um dos melhores trabalhos na criação da experiência de alta moda na internet”, diz Shah. “Mas, nós pensamos nele como uma primeira camada. Eles não avançaram para uma classificação detalhada.”

Quando Shah e sua equipe no Like.com criaram o Covet.com, um site de personalização de moda, eles não tinham um quadro completo de tudo que era possível na web. “Nós captamos suas preferências, mas não conseguimos analisar os itens para ver se eles suprem suas preferências”, diz. “Fizemos uma metade, mas é preciso ter as duas. Só conseguimos as duas metades refazendo a tecnologia com uma maneira inteiramente nova de analisar padrões e silhuetas.” Em termos simples, o que especialistas em estilo fizeram foi sugerir cerca de 500 palavras para cor, forma e padrão – roxo-beringela e guingão (o tecido fino e quadriculado típico de toalha de piquenique), Então, os engenheiros treinaram o algoritmo para saber o que era cada uma dessas coisas. Eles tinham fotos do que era guingão e do que não era guingão. “Fizemos isso palavra por palavra”, disse Shah. Essa é a diferença. Outros sites enfiam uma porção de palavras-chave, em vez de usar imagens, e o mecanismo de busca fica confuso.

Apesar da quantidade de produtos que uma busca em Boutiques.com oferece, o tempo de download é muito rápido, e as opções aparecem em páginas extra-longas para que você não precise ficar clicando. Virtualmente todo tipo de informação é analisado – preço, marca, cor etc.

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Modelos. Além disso, o Boutiques.com abre caminho para descobertas: itens que você não pretendia comprar chamam sua atenção, como em lojas físicas. O comprador pode preencher um questionário sobre estilo pessoal, que alinha um amplo espectro de amores e ódios. E a partir dele são feitas indicações. Mas Shah está convencido de que a maioria das pessoas vai procurar sua “gêmea de estilo” e comprar naquela loja. As opções vão de butiques de estilistas como Oscar de la Renta e Isaac Mizrahi, a blogueiros, como Bryan Boy e Rumi Neely de Fashiontoast, e outras celebridades (impostores, não se animem: o Google autentica as butiques de famosos).

Teste. Simone B. Oliver, produtora de web, e Jane Son, relações públicas, testaram o site. Oliver evitou as butiques de celebridades, preferiu as de blogueiros e tendências: “Acho as garotas de foto de estilo de rua mais inspiradoras que as celebridades.” As duas mulheres gostaram do painel de inspiração e do refinamento da busca. “Em outros sites, você não pode editar tanto as suas escolhas”, disse Son.

Oliver elogiou a possibilidade de fazer descobertas: “Acabo de conhecer uma marca de sapato da qual nunca ouvi falar . Eu estava procurando outra coisa e ela surgiu de repente.”

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No entanto, viram um senão óbvio: por mais direcionada que seja a busca, surgem coisas demais nos resultados. E informação demais pode confundir compradores pouco experientes.

/TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK

—- Leia mais:Link no papel – 22/11/2010

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