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Opinião|Cadê o iPhone?

Ninguém tem pista de quando veremos os iPhones novos e este é um problema grande para a Apple, porque tempo importa

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Ainda não sabemos como se chamará o próximo modelo de smartphone da Apple Foto: Jason Lee/Reuters

Desde 2011 que isso não acontecia — mas é setembro, a Apple fez seu tradicional evento do mês, e não apresentou um iPhone. E, naquele ano, Steve Jobs estava morrendo. A causa é, evidentemente, a pandemia. E o atraso é grande. Segundo as contas da Nikkei, o principal veículo econômico japonês, o atraso real se conta entre um e dois meses. A empresa estava correndo atrás e é possível que consiga apresentar os novos aparelhos ao público em outubro. Mas não é certo.

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A questão vem de janeiro. Naquele mês, o governo chinês ordenou à indústria do país que suspendesse suas operações. A pandemia estava apenas começando e a China se encontrava no centro, no foco. Ainda sequer estava claro o tamanho que ela ia atingir no resto do mundo. O congelamento atingiu em cheio a planta da Foxconn chamada iPhone City, que fica na cidade de Zhengzhou, onde trabalham 350 mil pessoas que produzem, todos os anos, metade dos iPhones vendidos do mundo.

Desde então, Apple e Foxconn tentam correr atrás do tempo perdido. Mas desde então, em todos os telefonemas com investidores, os executivos vêm avisando que atrasos ocorrerão.

Não bastasse o tempo parado, há outra questão que dificulta os trabalhos. Ainda não sabemos como se chamará o próximo modelo de smartphone da Apple. Possivelmente serão quatro iPhones, talvez o 12, 12 Max, 12 Pro e 12 Pro Max. Independentemente dos nomes, pelo menos alguns dos aparelhos serão 5G. É uma tecnologia nova, exige testes. O esforço é maior pois há muito de novo. A estimativa inicial da companhia era de vender 100 milhões de aparelhos 5G. Reduziu. Serão 80 milhões.

Não é só porque não vai dar tempo. As empresas de telecomunicações também não conseguiram instalar boa parte da infraestrutura 5G que pretendiam. Aliás, no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro se sentou em cima do leilão de frequências e aí não tem jeito. As empresas não sabem nem onde poderão operar ou qual o volume de investimento que farão.

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O resultado é que ninguém tem pista de quando veremos os iPhones novos. E este é um problema grande para a Apple: tempo importa. Em meados de novembro, acontece nos EUA a Black Friday, um dos dias mais intensos de venda de eletrônicos do país. A empresa precisa apresentar seu produto, aproveitar-se do espaço que consegue na imprensa para divulgação, conseguir botar nas ruas os primeiros aparelhos para que as pessoas os vejam de forma que o cenário esteja pronto para as vendas pesadas que ocorrem entre o feriado comercial e o Natal.

Quanto mais comprimido o período entre anúncio e os primeiros aparelhos nas ruas, pior será o resultado do ano. E isto não é pouca coisa. Afinal, é o iPhone que puxa para cima o faturamento da Apple. É seu best-seller, seu carro chefe, o produto coqueluche e símbolo de status. Costuma ser, todos os anos, também um dos mais sofisticados artefatos tecnológicos que chegam ao mercado. Tem parcos competidores.

Mas precisa estar na rua. Estando na rua, precisa mostrar a que veio. Afinal, quem costuma trocar de celular é quem tem nas mãos um aparelho com dois a quatro anos de idade. No ano passado, o iPhone 11 veio com uma câmera matadora, melhor do que a da concorrência. Este terá este desafio: será novo no quê? O 5G, afinal, se tornou um atrativo menor. Não serão muitas as pessoas com capacidade de se aproveitar desta tecnologia agora ou mesmo no ano que vem.

Mas há compensações. Esta semana foram anunciados os novos AppleWatches. E eles trazem uma novidade que é a cara de 2020. Leem o nível de oxigênio no sangue. Quem não quer saber?

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