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Camada social do aplicativo deixa o caminho menos hostil

Análise*

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

SÃO PAULO – Sempre fui boa para caminhos. Quando tinha de atravessar São Paulo todos os dias, adotei uma técnica para fugir do trânsito usando o senso de direção para me embrenhar nos bairros. Raramente me perdi. Por isso, demorei a adotar o GPS. Não via sentido neles. Até que descobri que tinha um excelente no bolso – o Navegador do Google Maps para Android e que agora também está disponível para iOS (leia mais aqui).

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Passei a usá-lo compulsivamente, mesmo para percorrer caminhos já conhecidos. A ideia de ver o trânsito durante o trajeto me convenceu. Por isso, quando ouvi falar do Waze, fui testá-lo com um pé atrás. Não acreditava que poderia ser melhor do que o meu querido, testado e comprovado Google Maps.

O desafio foi atravessar São Paulo da zona oeste à zona leste em uma segunda-feira, às 20h. A distância: 23 quilômetros. Antes de partir, programei a rota no Waze e no Google Maps (cada aplicativo rodando em um celular diferente, os dois Android).

Primeira surpresa simpática: o Waze não deixa você digitar ao menos que informe que é o passageiro. Tudo, claro, por segurança. Como eu realmente era a passageira, fui para a função “navegação”. Nos primeiros dois quilômetros de rota, os dois apontaram exatamente o mesmo caminho – ao chegar perto da marginal Tietê, porém, o Waze indicou um caminho mais malandro, fora das avenidas principais. Desconfiei e acabei seguindo o meu Maps de confiança.

A interface do Waze começou a chamar a atenção. Bonita e nítida, ela deixava o caminho muito mais claro do que o Google Maps e é muito mais completa. A primeira surpresa foi quando o Waze indicou um radar na Marginal do Tietê. A segunda foi quando vi outro usuário passando do outro lado da marginal, em tempo real. Eu não tinha prestado atenção nesta parte social do aplicativo – e aí me dei conta de que o Waze é mais do que um bom GPS. Ele adiciona uma camada social ao trânsito hostil da cidade.

Três radares depois, ele avisou que havia um carro quebrado na pista. O alerta havia sido dado por um usuário 15 minutos antes. Mais para frente, vi outra pessoa perto de mim – ela disse um “oi”, meio do nada, que apareceu em um balão. Há um quê de Club Penguin, rede social da Disney em que as crianças criam avatares de pinguins e passeiam por um mundo virtual, dizendo “ois” em balões sobre as suas cabeças. O Waze é parecido, mas no mundo real – e para adultos.

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No fim da Marginal do Tietê, o Waze mandou fazer um caminho e o Maps, depois de perder o sinal de GPS várias vezes, queria que seguisse até a próxima ponte e fizesse o retorno. Desta vez, confiei no Waze. Além de mostrar o caminho, ele alertou sobre um acidente na avenida Aricanduva, postado duas horas antes. Ao passar pelo local, realmente haviam viaturas e carros parados na pista.

Notei outra semelhança: o Waze tem algo parecido com o @LeiSecaSP – e seus equivalentes de outras cidades – no Twitter. A conta foi criada para alertar sobre blitze policiais depois que a Lei Seca entrou em vigor. Os usuários avisam e o perfil retweeta. O objetivo é duvidoso – ele ajuda a burlar a lei –, mas os criadores argumentam que oferecem um serviço ao informar sobre o trânsito, acidentes e outras ocorrências nas ruas. O Waze tem potencial de virar um serviço melhor, mais seguro e confiável para as pessoas se manifestarem em prol de um trânsito mais colaborativo.

Aproveitei para avisar o Waze sobre um radar em uma avenida da zona leste. O processo é simples: em dois toques, o usuário indica pontos de lentidão ou onde há carros quebrados, perigo na pista ou acidentes. Os radares são submetidos à aprovação de moderadores. Os ícones são grandes e coloridos e o processo é rápido e intuitivo (provavelmente para não desviar a atenção do motorista). À medida que usuários aderirem à plataforma, o mapa ficará mais completo e ganhará mais informações

Quase tinha esquecido do Navegador do Google ao chegar no destino. Na verdade, fiquei tão concentrada na interface do Waze que perdi a entrada da rua – estava de passageira, orientando o motorista, e deixei a tarefa de lado ao fuçar no aplicativo. Os dois GPS me deixaram no local e acertaram a previsão do tempo da viagem e as condições de tráfego – embora o Waze tenha sido mais estável. A diferença é que, no Waze, a cidade – e o mapa – ficam mais humanos. Em uma cidade em que motoristas se fecham em seus veículos, o Waze pode contribuir para um trânsito mais amigável e inteligente – contanto, é claro, que não seja usado por motoristas com o carro em movimento.

* Tatiana de Mello Dias é editora-assistente do ‘Link’

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