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Chega de saudade

O Google Reader vai mesmo acabar. Enquanto usuários reclamam, empresas começam a corrida pelo seu substituto

Por Vinicius Felix
Atualização:

O Google Reader vai mesmo acabar. Enquanto usuários reclamam, empresas começam a corrida pelo seu substituto 

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SÃO PAULO – Quem tinha a rotina de acordar e já checar as novidades do dia a partir de seus feeds no Google Reader vai precisar encontrar uma alternativa. Na última quarta-feira, 13, o Google anunciou que vai aposentar de vez o seu leitor de RSS – padrão que extrai publicações de sites de notícias e blogs e os exibe através de serviços como o Google Reader. É o golpe definitivo em um produto que vinha sendo deixado de lado praticamente desde seu lançamento. Seu fim é em 1º de julho.

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A morte do Reader tem sido lenta e dolorosa. Em 2011, o fim do leitor já tinha sido decretado por seus usuários, quando o Google eliminou todas as suas ferramentas de integração social. Acabou ali a possibilidade de comentar, dividir posts com os amigos, seguir conhecidos e pessoas interessantes, funções que davam um ar de rede social paralela à ferramenta.

Na época, os usuários lamentaram fazendo campanha e postando cartazes pedindo que o Google salvasse o Reader. Não adiantou. Mesmo assim, desta vez os órfãos também se mobilizaram. A petição Keep Google Reader Running (Mantenham o Google Reader funcionando) postada na plataforma Change.org alcançou mais de 100 mil assinaturas em dois dias e respondeu sozinho por 24% do tráfego total de usuários dentro da plataforma de petições públicas. “É o jeito que leio a internet”, escreveu um assinante espanhol que apoia o abaixo-assinado. E a petição não é a única: outras menores se propagaram com menor repercussão.

Ainda no time de pessoas que lamentam o fim do Reader, estão nomes como Ezra Klein, colunista do Washington Post, David Carr, colunista do New York Times e o escritor Daniel Galera. “É uma asneira achar que uma rede social pode substituir um agregador de artigos. O pessoal do Google parece acreditar nisso. Uma coisa é organizar o que queremos ler, outra é ler o que outras pessoas, bancos de dados e algoritmos acham que vamos querer ler”, comenta Galera, que utilizava o recurso há anos para organizar toda sua leitura na web.

Até o filósofo Pierre Levy fez questão de entrar na história postando em seu Twitter o vídeo com o meme em que Hitler descobre o fim do Reader. Na paródia, uma cena retirada do filme A Queda,de 2004, o ditador sentencia: “Sem o Reader o RSS está morto”.

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Mas não é o que pensa Marco Arment, criador do Instapaper. “Essa é uma ótima notícia”, postou em seu blog. Arment acredita que agora finalmente veremos alguma inovação de verdade na área do RSS, graças à competição entre empresas para criarem uma nova ferramenta que seja popular. O Google não dá sinais de que pretende voltar a trabalhar nesta área.

O Digg, site que reúne os links mais interessantes da web, foi rápido em anunciar na quinta-feira, 14, que já está trabalhando em um novo leitor RSS – e pediu sugestões dos usuários.

E os serviços semelhantes ao Reader começaram a sofrer com a migração em massa. O The Old Reader, lançado com a proposta de manter o aspecto social do antigo leitor do Google, sofreu uma enxurrada de acessos e trabalha para transformar a estrutura pensada para 20 mil usuários em algo funcional para 50 mil. “Quando começamos isso, era algo para nós e nossos amigos. Não esperávamos que muitos de vocês se juntassem a nós”. O Reeder, agregador para dispositivos móveis, fez questão de anunciar: “Vamos continuar funcionado”, enquanto o Feedly, outro concorrente, preparou até um guia de como realizar a transferência.

O Google Reader não vai embora sozinho. Junto com ele, o Google desativa cerca de 70 serviços e funcionalidades, em sua maioria produtos pouco conhecidos que não emplacaram ou se transformaram com o tempo, como o Google Building Maker, Google Cloud Connect e o Google Voice App para o Blackberry. “Precisamos de foco”, disse Urs Hölzle, vice-presidente de infraestrutura técnica. A explicação dada é a mesma das últimas grandes faxinas que a empresa fez, tanto em 2012 quanto em 2011, quando eliminou o fracassado Google Wave.

—-Leia mais:• Link no papel – 18/3/2013

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