China proíbe que empresas negociem moedas digitais como ações

País proibiu prática conhecida como ICO, em que startups levantam fundos a partir de projetos de moedas digitais; com a medida, Ether e Bitcoin já registraram quedas de 20% e 10% respectivamente

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Por Agências
Atualização:
China obriga que todas as empresas e desenvolvedores que fizeram ICOs nos últimos meses devolvam o dinheiro das transações. Foto: REUTERS/Benoit Tessier/Illustration

Nesta segunda-feira, 4, a China tornou ilegal a prática conhecida por ICO (initial coin offerings), em que empresas e startups podem levantar fundos a partir de projetos de novas moedas digitais. O processo é bastante parecido com a abertura de capital de uma empresa na bolsa. Os desenvolvedores oferecem a investidores algumas unidades de uma nova criptomoeda em troca de dinheiro ou das moedas digitais “tradicionais” Bitcoin ou Ether.

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Uma declaração publicada no site do Banco Central chinês estabelece que os indivíduos e as organizações que levantaram fundos por meio de ICOs devem fazer acordos para devolver o dinheiro a seus investidores. O texto foi assinado conjuntamente pelo Banco do Povo da China, pelos reguladores de valores mobiliários e bancários e por outros departamentos governamentais.

Depois da ação chinesa, a moeda Ether, com a qual a maior parte dos desenvolvedores pede para ser pago nas transações, caiu drasticamente. Segundo a publicação Coindesk, a queda foi de 20% e derrubou os preços da moeda para US$283.

O Bitcoin também registrou uma queda de 8%, enquanto o valor total de todas as moedas virtuais caiu por volta de 10%, segundo o site Coinmarketcap.com. "A grande queda no preço pode ser por causa do pânico dos comerciantes e investidores”disse em entrevista à Reuters fundador da Cryptocompare, Charles Hayter.

O movimento de ICO, que explodiu no começo de 2017, trouxe muito dinheiro para o mercado de moedas digitais e impulsionou a rápida valorização desse tipo de criptografia, mas criou uma bolha que muitos temem que estoure. De acordo com o site Cryptocompare, foram levantados desde o início de 2017 um total de US$ 2,32 bilhões através de ICOs.

O crescimento rápido dos ICOs levou a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA a alertar em julho que algumas dessas transações deveriam ser reguladas, assim como acontece com outros títulos de empresas. Avisos semelhantes foram emitidos no Canadá e em Cingapura.

Zennon Kapron, diretor da consultoria de tecnologia financeira de Xangai Kapronasia, disse em entrevista à Reuters que suspeitava de que os reguladores estivessem travando as ICOs enquanto entediam o fenômeno, mas que depois eles iriam diminuir os entraves.

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"Os reguladores em todo o mundo estão lutando para entender o que são os ICOs, quais são os riscos deles e como alinhá-los e regulá-los", disse o consultor.

"A China, em muitos aspectos, não é diferente do que os EUA ou Cingapura em dizer que precisa restringir esse tipo de negócio até descobrir como lidar com ele. Eu acho que será uma medida temporária ".

 

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