China renova licença do Google

Empresa afirmou que o governo chinês renovou a licença para operar o site de buscas, apesar de atritos

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Por Agências
Atualização:

O Google recebeu nesta sexta-feira, 9, o sinal verde de Pequim para continuar a operar seu sistema de buscas chinês, evitando um potencial fechamento da página de buscas no maior mercado online do mundo. Google afirmou que as autoridades chinesas renovaram a licença de operação da companhia.

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A empresa norte-americana disse na semana passada que pararia automaticamente o reencaminhamento de usuários para sua página de pesquisa de Hong Kong, sem censura, explicando que Pequim havia indicado que não renovaria a licença se o Google mantivesse a estratégia.

Havia especulações de que a China aproveitaria a oportunidade para fechar a página de buscas do Google no país, o que seria um duro golpe para seus outros negócios no país.

“A China renovou a nossa licença”, disse um porta-voz do Google à Reuters. “Estamos muito satisfeitos com a renovação da licença pelo governo e estamos ansiosos para continuar a promover a busca na web e os produtos locais para os nossos usuários na China.”

Analistas de internet chineses e observadores da indústria viram a decisão chinesa como positiva, mas alertaram que não há razão para ter otimismo.

“É uma boa notícia para o consumidor chinês, boa notícia para as empresas online chinesas que o o Google ainda está no país de alguma forma”, disse Ted Dean, presidente da empresa de consultoria BDA, com sede em Pequim. “Mas muitos dos problemas envolvendo o fechamento do Google chinês ainda continuam”, disse.

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O surpreendeu os mercados e consumidores em janeiro quando alertou que poderia deixar o país asiático, afirmando que não queria colaborar mais com a censura obrigatória.

Em março, o Google começou a redirecionar automaticamente os visitantes do seu site chinês para a sua página de Hong Kong, que exibe os resultados sem censura. Agora os visitantes do Google.cn precisam clicar em um link para entrar na página do Google de Hong Kong.

“Isso não muda em nada a posição do Google na China. O redirecionamento para o site de Hong Kong continua, o problema está igual”, disse Elinor Leung, analista sênior da CLSA, de Hong Kong.

Leung espera que as visitas ao site chinês continuem a cair e que anunciantes vão procurar outras alternativas domésticas, como o buscador chinês Baidu.

O presidente da companhia, Eric Schmidt, havia afirmado na quinta-feira que estava confiante na renovação da licença da companhia.

O site de buscas chinês representa para o Google uma pequena fatia da receita anual de US$ 24 bilhões da empresa.

Analistas estimam que a receita só na China seja entre US$ 300 milhões e US$ 600 milhões, mas a China é um mercado chave a longo prazo.

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Sendo o maior mercado de internet no mundo — com quase 400 milhões de usuários –, a China ainda tem apenas 25% da sua população conectada, o que mostra que há muitas oportunidades na área de buscas, comércio eletrônico e jogos online, afirmam analistas.

O Google tem cerca de 30% do mercado do mercado chinês de buscas, que chega a movimentar 7 bilhões de yuan (US$ 1 bilhão).

Negócios e política

A jogada do Google de parar de redirecionar os usuários e a renovação da licença são indicações que as relações entre a empresa e Pequim estão descongelando.

“Na China, é muito comum dar a cara ao governo para fazer negócios no país. Não redirecionar automaticamente os usuários mostra que o Google pode se comprometer e dar a cara a bater a eles”, disse Edward Yu, da empresa de pesquisas em tecnologia Analysys International.

As ações do Google subiram 4% imediatamente após o anúncio, enquanto as do Baidu caíram 5,3%.

A posição da empresa com o governo chinês sobre censura na internet e os ataques de hackers serviram para aumentar as tensões entre Washington e Pequim, que também tem brigas diplomáticas sobre o câmbio chinês, vendas de armas à Taiwan e Tibet por parte dos EUA. Mas as tensões têm se amenizado nos últimos meses.

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Na quinta-feira, 8, o governo de Obama se negou a caracterizar a China como uma manipuladora do câmbia, e a decisão de permitir o Google a manter seu site na China pode ser mais um passo para diminuir os atritos.

(REUTERS)

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