Cinema para jogar

Narrativa cinematográfica mistura-se à interatividade em ‘Uncharted 3’

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Por Agências
Atualização:
 

Uncharted 3: Drake’s Deception é o melhor e mais emocionante filme de ação e aventura dos últimos anos. Eu disse filme? Desculpe. Quis dizer que Uncharted 3 é o melhor e mais emocionante jogo de ação dos últimos anos.

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A confusão é um elogio. Nenhum game conseguiu misturar tão bem a interatividade à narrativa e ao visual consagrados por Hollywood. Pendurado de um avião de carga sobrevoando um deserto árabe, correndo do iminente desabamento das ruínas de um chatô medieval francês, explorando as cavernas de uma cripta síria – em cada um dos momentos mais espetaculares de Uncharted 3 percebi que meus dedos queriam largar o controle em busca de pipoca. A versão brasileira do jogo começa a ser vendida no dia 22 por R$ 199.

Do seu roteiro envolvente até a interpretação dos personagens, passando pelo seu meticuloso ritmo de montagem, pela fotografia cinematográfica e pela produção visual, Uncharted 3 é uma obra do mais alto nível de entretenimento interativo para as massas. O jogo não é sangrento. Não é intelectualmente desafiador. No seu nível de dificuldade menos exigente, não é complicado. É uma aventura cativante e cheia de grandes momentos. Aqueles que têm um PlayStation 3 (única plataforma para a qual está disponível) e ainda não compraram Uncharted 3 nem imaginam o que estão perdendo. E, para aqueles que não têm um PS3, o jogo é o melhor motivo para se comprar o console.

Como nos jogos anteriores da série, o conceito de Uncharted é uma versão modernizada de Indiana Jones. O personagem principal, Nathan Drake, é um caçador de tesouros que viaja pelo mundo e diz ser descendente de Francis Drake, refazendo sua trajetória em busca de riquezas.

Do início da aventura até o seu desfecho (relativamente contido), 10 ou 12 horas de jogo depois, o jogador se vê nas mãos de pessoas que sabem exatamente o que fazer com o público.

Sem drama. Há talvez meia dúzia de elementos principais na jogabilidade: escalar, atirar, correr, lutar, solucionar quebra-cabeças e participar da narrativa. E apenas algumas das sequências de tiroteio podem ser consideradas realmente desafiadoras (e isso pode ser resolvido com um ajuste na dificuldade). Ainda assim, todos os elementos recompensam o jogador. Ninguém vai cair dez vezes no mesmo abismo tentando acertar o momento de pular. Ninguém vai precisar dos reflexos de uma pulga para desviar de socos. Mas o jogo nunca deixa transparecer as pequenas ajudas.

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Igualmente importante é o fato de o jogo ter no ritmo o toque de um diretor de cinema. Quase todos os jogos em terceira pessoa posicionam a câmera atrás e acima do personagem. Mas, em algumas importantes sequências de perseguição de Uncharted 3, a câmera é posicionada em frente e abaixo do personagem. Trata-se de uma técnica comum nos filmes de ação (fazer com que o herói corra na direção da câmera), mas que raramente é vista nos jogos.

O jogo inclui algumas interessantes opções de modo multiplayer, mas o coração está na versão individual. O jogador não toma as decisões que impulsionam a trama. Não existe liberdade de exploração. São importantes elementos comuns aos jogos contemporâneos que Uncharted 3 ignora.

E não há problema nisso. Diante dos populares jogos militares de tiro, Uncharted 3 deve atrair um público cada vez maior, e não apenas a turma que sonha em fazer parte de uma tropa de elite. Ainda que este público às vezes confunda o jogo com um filme.

/Tradução de Augusto Calil

Por Seth Schiesel (The New York Times)

—-Leia mais:Link no papel – 14/11/2011

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