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Com foco em games e TVs, Sony recupera força do passado

Pioneira em tecnologia para TVs e aparelhos portáteis, fabricante japonesa volta a mostrar bons resultados

Por Gabriely Araujo e Matheus Dias/ESPECIAIS PARA O ESTADO
Atualização:
Empresa não confirmou se o PS4 Pro e o PSVR serão fabricados no País Foto: INA FASSBENDER|REUTERS-21|8|2013

Muito antes de o iPhone ou o Galaxy serem inventados, a febre entre os jovens no fim da década de 80 e início dos anos 90 era o Walkman. O tocador portátil de fitas cassetes da Sony – que posteriormente ganhou versões compatíveis com CD e MP3 – era o sonho de consumo de muita gente. Ninguém imaginava que ele poderia perder espaço, mas com o avanço dos tocadores de MP3, como o iPod, o Walkman quase desapareceu. Na década seguinte, a fabricante japonesa Sony, que popularizou o produto, mergulhou numa crise quase sem fim.

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A Sony foi fundada em 1946 por Masaru Ibuka como Tokyo Telecommunications Engineering Corporation e tinha apenas 20 empregados. A empresa passou a se chamar Sony apenas em 1958, pouco depois de seus engenheiros inventarem um dos primeiros rádios eletrônicos portáteis. Ela foi pioneira no desenvolvimento de televisores em cores, por exemplo.

Após a abertura de capital na Bolsa de Nova York, em 1970, a empresa seguiu uma trajetória de crescimento por décadas, atingindo sua máxima em outubro de 1999, quando as ações da Sony eram negociadas a US$ 142. Contudo, a empresa perdeu força com o surgimento de novas categorias de produtos e novas marcas. Em seu pior momento, em 2012, as ações da companhia japonesa eram negociadas a US$ 11,20.

A recuperação começou quando Kazuo Hirai assumiu o cargo de presidente executivo, em meados de 2012, e iniciou uma reestruturação. Entre altos e baixos, ele ajudou a Sony a recuperar a confiança dos investidores e fez o valor de mercado da empresa alcançar US$ 44,3 bilhões em maio. A empresa prevê alcançar uma receita de US$ 4,5 bilhões no ano fiscal de 2018, que se encerrará em março do ano que vem. O valor é próximo ao recorde de receita registrado pela Sony em 1998.

O impacto das mudanças na empresa também se refletiram nos consumidores. A Sony voltou a aparecer como uma das marcas mais amadas no mercado. De acordo com o The Love Index, pesquisa de mercado da Accenture Interactive divulgada em novembro de 2016, a Sony é a quinta marca mais amada nos EUA, à frente de empresas como Google e Facebook. No Brasil, ela está em sexto lugar, à frente de Microsoft e LG.

Segundo André Pase, professor de comunicação digital da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), a Sony focou em nichos para voltar a crescer. “A empresa avaliou o que ela realmente faz bem”, diz Pase. “Ela venceu a guerra dos videogames contra Microsoft e Nintendo.”

Segundo dados do balanço do ano fiscal de 2017, encerrado em março deste ano, quase 22% da receita do grupo está nos games. Nesse período, a empresa vendeu 6,3% mais consoles. Foram mais de 53 milhões de PlayStation 4 desde o lançamento, em 2013, até janeiro deste ano, em todo mundo.

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Os bons resultados estão ajudando a Sony, até mesmo, a investir em novas tecnologias que devem transformar os games nos próximos anos, como realidade virtual. O óculos PlayStation VR são um exemplo disso. Segundo o vice-presidente de pesquisas da consultoria Gartner, Brian Blau, esse deve ser o grande foco da empresa em 2017. “A Sony se sai bem com gamers e vai fazer um esforço contínuo com desenvolvedores para trazer conteúdo de qualidade”, diz o analista.

Outro setor em evidência são os eletrônicos, como as TVs. Eles representam a segunda participação na receita do grupo, com 13,65%, e a Sony projeta aumento nas vendas em 7,8% em 2017. No começo deste ano, a marca voltou a lançar aparelhos com a tecnologia Oled (diodo emissor de luz orgânico, na sigla em inglês) durante a Consumer Electronics Show (CES). A empresa foi pioneira no desenvolvimento da tecnologia, mas abandonou o Oled por não conseguir usar a tecnologia em telas grandes.

Smartphones. Os celulares ainda representam um desafio para a Sony, que não tem conseguido competir com grandes fabricantes, como Samsung. Em 2016, a empresa teve queda de 29% nas vendas, por resultados fracos na Europa, Oriente Médio e América Latina.

Um dos principais entraves é o preço dos aparelhos, muitas vezes superiores ao dos mais avançados do mercado, como iPhone e Galaxy. Para analistas, a Sony não vislumbrou a oportunidade de distribuição de música e filmes para celulares antes dos rivais. “Isso teria dado à Sony uma vantagem competitiva”, diz Tuong Nguyen, do Gartner. / COLABOROU CLAUDIA TOZETTO

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