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Como fazer um drone voar?

Capacidades, leis locais, opções de voo e até mesmo a habilidade manual para pilotar uma geringonça podem ser empecilhos para aparelho

Por Prashant S. Rao
Atualização:
No Brasil, drones que voam a mais de 120 metros de altitude só poderão sair do chão com autorização Foto: REUTERS

Minha mulher, Alexa, transformou quase em profissão a arte de me dar grandes surpresas de aniversário. Ao longo dos anos, seus presentes, entre outros, foram uma antiga edição da Sports Illustrated com um holograma de Michael Jordan na capa e um tour fotográfico de uma parte particularmente fotogênica do sul da China. Assim, para meu aniversário mais recente, não tinha ideia do que esperar quando ela me deu uma caixa grande. Dentro, havia um drone.

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O único problema: teria que aprender a fazê-lo voar.

Isso pode ser difícil para muitas pessoas. Primeiro, existe a questão de descobrir as capacidades do drone. Existem drones de tamanhos e preços diferentes. Você pode construir o seu, anexar uma câmera GoPro e customizar uma gama de opções. Ou pode arrumar um que funcione assim que sai da caixa.

Fazer um drone voar é assustador. É preciso conhecer as regras. Nos Estados Unidos, como a indústria é relativamente nova, algumas vezes as leis federais são diferentes das dos estados e das autoridades locais.

Na Inglaterra, onde moro, as leis para voar drones de forma amadora são misericordiosamente mais simples, e a Autoridade de Aviação Civil da Grã-Bretanha tomou medidas para traduzir as orientações, em geral complicadas, em linguagem mais fácil de entender. Em julho, lançou o “The Dronecode” (O Código dos Drones) e publicou uma animação em vídeo que resume as regras.

É preciso também considerar a segurança das outras pessoas. As autoridades da aviação britânicas registraram 39 “quase-acidentes aéreos”, em 2015, e esses são apenas os que envolvem um drone e outra aeronave. Eu não quero aparecer nas manchetes dos jornais.

Mas existem maneiras de facilitar as coisas. Operadores de drones comerciais e os que fazem vídeos profissionais podem fazer cursos de curta duração para garantir que saibam o que estão fazendo. Para novatos como eu, há muitos vídeos no YouTube que oferecem dicas e explicações.

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“Nem todo mundo que pode controlar as coisas do chão tem consciência espacial em 3D”, afirma Jonathan Carter, diretor da Aerial Academy, que promove cursos para ajudar usuários profissionais de drones a conseguir a licença da Autoridade de Aviação Civil. Carter, que em 2010, por curiosidade, foi o primeiro a colocar uma câmera compacta em um drone de rotor simples, diz que os cursos podem ser feitos em até uma semana e custam cerca de US$1.600.

Para mim, o primeiro passo foi avaliar meu drone, um DJI Phantom 3. A DJI, que fica em Shenzhen no sul da China, faz mais drones pequenos do que qualquer outra fábrica, e a série Phantom se tornou a mais vendida no mundo para equipamentos para consumidores. A empresa foi fundada em 2006 e está avaliada em US$8 bilhões.

Liderança. DJI detém mais de 70% das vendas de drones Foto: Divulgação

O meu Phantom 3 Standard custa cerca de US$635. Pesando menos do que um quilo e meio é um quadrotor com uma câmera acoplada que faz vídeos em 2,7K e fotos com 12 megapíxeis. Consegui colocar o equipamento todo – o drone, as hélices destacáveis e o controle remoto – na minha mochila.

As instruções para colocar o drone para voar são simples. Basta baixar o aplicativo de celular da DJI, anexar as hélices à máquina, ligar o drone e o controle remoto e o aplicativo guia você pelo processo de configuração.

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Para iniciantes, o aplicativo da DJI oferece um modo básico que restringe a altitude e a distância para pouco mais de 30 metros. Tudo o que você precisa saber para iniciar o voo é apertar um botão na tela de seu celular e deslizar o dedo para confirmar. Depois disso, o drone está no ar.

Tudo é controlado com o aplicativo em conjunto com o controle remoto, e você tem tanta ajuda quanto quiser. Pousar pode ser totalmente manual ou automático. Enquanto o drone está no ar, você tem o poder de controlá-lo sozinho ou usar um punhado de “modos inteligentes” que permitem que o equipamento circule um único ponto, siga você sem mudar a distância ou a altitude ou percorra uma série de direções pré-determinadas. Se a bateria estiver acabando, ele imediatamente volta ao ponto de partida.

Até agora, tudo bem. A próxima tarefa foi avaliar as regras sobre os voos na minha região. Onde eu moro, existem algumas restrições geográficas – basicamente fique longe de aeroportos, do Parlamento e de parques reais como o Kensington Gardens.

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Nos próximos anos, no entanto, essas leis podem mudar, segundo, Peter Lee, consultor do escritório de advocacia Taylor Vinters. “Acho que o catalisador será algum tipo de evento catastrófico que poderia realmente forçar a narrativa pública no sentido de leis mais estritas”, afirma ele, que possui dois drones amadores.

Depois de aprender sobre as leis daqui, eu e minha mulher escolhemos o Battersea Park, na região sudoeste de Londres, para nosso primeiro voo. Ali encontraríamos uma área relativamente tranquila. Apesar de o mercado para drones de amadores estar aparentemente crescendo de modo veloz – o executivo chefe da 3D Robotics, companhia que compete com a DJI, disse em outubro de 2014 que a empresa valia US$1 bilhão e as previsões apontavam de modo quase uniforme para uma expansão rápida – eu era a única pessoa do parque com um drone.

Seguindo as instruções, liguei tudo e, com esforço mínimo, o drone voou acima de minha cabeça. As pessoas em volta pararam para assistir, e minha mulher tirou algumas fotos com seu iPhone.

“Os meninos e seus brinquedos”, disse ela depois.

Achei tudo muito fácil, apesar de breve. Manobrar o drone é confortável, o aplicativo era fácil de usar e o vídeo ficou bom. Tudo foi salvo em um cartão microSD, o que significa que pode ser colocado em muitos laptops e algumas TVs e assistido, editado e compartilhado sem problemas. Mantive meus vídeos em um laptop, mas estou editando alguns deles para talvez colocar no YouTube.

No final, foi divertido. Ver seu entorno por um ângulo diferente é interessante e adiciona um elemento legal à experiência. Eu vivo aqui há muitos anos, mas agora quero reexplorar os lugares onde já fui apenas para usar o Phantom e vê-los de cima.

O drone tem suas limitações. A vida útil da bateria é frustrantemente curta. No geral, consegui cerca de 20 minutos de vídeo HD com a bateria cheia, o que está de acordo com o que o DJI diz sobre a sua capacidade. Em vários momentos, a visualização em tempo real da câmera desconectava e, em outro dia claro em um parque, o aplicativo me disse que eu não tinha uma conexão de GPS forte o suficiente para usar alguns dos modos inteligentes.

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A DJI afirmou que isso aconteceu muito provavelmente porque o Phantom 3 Standard é bastante dependente do wi-fi e não usa a empresa de tecnologia de comunicação sem fio Lightbridge, que tem um alcance maior. Esse tipo de tecnologia é utilizada nos modelos novos e mais avançados do DJI.

Dias com muito vento também fazem com que voar seja mais complicado, mas não muito difícil. Como estava em um ambiente urbano, tentei voar o drone em uma altura suficiente para que as pessoas da região não achassem que eu as estava espionando, o que restringiu as coisas que poderia experimentar.

Em parte por causa da estabilidade do drone e por meu excesso de cautela, ele nunca caiu, só virou uma vez porque pousei muito rapidamente em uma tentativa de impedir que ele fosse agarrado por um cão curioso.

No geral, não posso reclamar – a primavera está chegando, e a cidade tem muitos espaços verdes onde posso colocar o drone para voar. Além disso, tenho algumas férias programadas, e já estou pensando em como usar bem meu presente de aniversário.

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