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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Como funciona a eleição digital no Brasil

Sistema de votos do Brasil está entre os mais seguros e eficientes do mundo

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Urna eletrônica do Brasil não está conectada à internet, um dos pontos que colocam o processo eleitoral brasileiro entre os mais seguros do mundo Foto: Antonio Augusto/TSE - 8/8/2021

Todo ano de eleição, nós, jornalistas, arranjamos algum jeito de produzir um algo que seja explicando como funciona o sistema de votação brasileiro. Neste ano, explicar como funcionam a urna e a contagem dos votos, porém, é  defesa ativa da democracia. E, sim, nosso sistema está entre os mais seguros e eficientes do mundo.

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O principal ponto que garante a segurança da eleição brasileira é que todo o processo, apesar de digital, não ocorre na internet. Nem as urnas nem os computadores que contam os votos estão na grande rede. Mas, em seu discurso, o presidente Jair Bolsonaro se aproveita de conceitos  pouco compreendidos para deixar as pessoas inseguras. Confusas. A ação é de clara má-fé. O presidente da República mente, mente acintosamente, mente sabendo que está mentindo.

Porque a urna em que digitamos nossos votos não está ligada à internet, um hacker não pode entrar nela e modificar qualquer coisa sem ter contato físico com a máquina.

Quando a votação se encerra, o presidente da mesa ordena que a urna imprima cópias do boletim. Ali está, no papel, o número de votos registrados para cada candidato e partido naquela urna. Este documento é afixado na porta da zona eleitoral, em público.

Já houve eleições municipais em que prefeitos celebraram sua vitória antes de haver resultado oficial, simplesmente porque os fiscais do partido foram mais ágeis do que o TRE. Somaram os votos de boletim em boletim. Foi o que ocorreu em Jaboticabal, interior de São Paulo, em 2020. O prefeito que fez festa, aliás, é do PL, de Bolsonaro.

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O presidente de mesa também grava os resultados num pen-drive criptografado e de assinatura eletrônica. Essa mídia é transportada fisicamente para uma das centrais locais da Justiça Eleitoral, onde, após a assinatura ser checada para garantir que não houve adulteração, os dados são mandados para Brasília, por satélite, numa rede privada que o tribunal contrata, sem  internet.

Em Brasília, os votos chegam a um supercomputador da Oracle que presta um serviço chamado, no jargão técnico, de cloud on-premise. Nuvem no seu local. É uma infraestrutura como a de nuvem, porém privada, fora da internet. Bolsonaro, por causa disso, sugere que os dados estão na nuvem. Não, não estão. Fala de uma sala secreta — a contagem ocorre dentro de um computador, não de uma sala.

Vários Estados americanos, todos republicanos, fazem eleição digital sem voto impresso, parcial ou integralmente. Várias cidades francesas. São os dois países que inventaram a democracia.

A eleição é segura. Não se trata de uma jabuticaba brasileira. E Bolsonaro, obviamente, está com medo de perder.

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