'Computador não é prioridade'; diz Gates

Em entrevista, o filantropo e cofundador da Microsoft criticou disse que 'há coisas mais básicas' que a tecnologia

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Por Murilo Roncolato
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SÃO PAULO – Ele se tornou um dos homens mais ricos do mundo vendendo software. O ícone da sua empresa, uns quadrados coloridos que passam a ideia de janelas, aparece na tela de nove em cada dez computadores no mundo. Hoje, Bill Gates diz amar “essa coisa de TI”, mas é crítico de quem acha que a tecnologia vai salvar o mundo. “Tecnologia é um negócio incrível, mas ela não chega às pessoas que mais precisam em um prazo nem próximo do que gostaríamos”, disse o cofundador da Microsoft, em entrevista ao Financial Times.

Bill Gates em visita à Nigéria. FOTO: Divulgação  Foto:
 

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“Certamente, eu amo essa coisa de TI, mas quando queremos melhorar vida, é preciso lidar com coisas mais básicas como sobrevivência de crianças, nutrição infantil”, disse Gates, que deixou a direção da empresa que o tornou milionário há cinco anos. “Na hierarquia das necessidades humanas, o computador não está nem entre as cinco primeiras.”

O executivo alfineta sem discrição seus colegas do Vale do Silício. De um lado o Google, que assumiu o projeto de levar internet para o mundo todo com balões como uma tarefa humanitária das mais importantes. Do outro, Mark Zuckerberg que anda preocupado com o fato de apenas um terço da humanidade ter acesso à internet.

Primeiro, veio a resposta ao Google (durante entrevista dada em agosto à Bloomberg Businessweek): “Quando você está morrendo de malária, eu imagino que você olhará para cima, verá aquele balão, e eu não estou certo de como ele te ajudará.” Em seguida, foi a vez do dono do Facebook, de 29 anos, ouvir algumas coisas do senhor Gates, de 58 anos. Sabe o que ele pensa sobre alguém que considera conexão à internet algo mais importante que a vacina da malária? “Como uma prioridade? Isso é uma piada!”

Bill Gates, com uma fortuna estimada em US$ 72 bilhões, é o homem mais rico dos Estados Unidos (pela 20ª vez, pelo ranking da Forbes). Desde 1997, é responsável – ao lado de sua esposa – por ações de filantropia ao redor do mundo através da Bill and Melinda Gates Foundation. Pelas suas contas, a instituição já responde por US$ 4 bilhões em doações por ano, principalmente em ações de combate à miséria, fome e doenças infecciosas.

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