Conexão 5G ainda precisa ser padronizada por agência da ONU

Discussões sobre frequências ainda estão sendo negociadas na União Internacional de Telecomunicações e Anatel

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Por Mariana Lima
Atualização:
Inatel desenvolveu uma tecnologia nacional de 5G e quer conectar áreas que ainda não tem acesso à internet Foto: Inatel

Apesar de já estar em testes e ter sua aplicação prevista para diversas tecnologias, o 5G ainda não tem todos os passos traçados do caminho para sua implementação no mundo: é preciso que a tecnologia seja padronizada para que, por exemplo, fabricantes consigam lançar os primeiros aparelhos compatíveis com a conexão de nova geração. 

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Quem cuidará dessa padronização é a União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência ligada diretamente à Organização das Nações Unidas (ONU). A previsão é de que a decisão final saia apenas em 2020, após debates por parte das agências reguladoras dos países-membros. Cada nação tem autonomia para definir uma faixa de frequência para a tecnologia – a padronização global, por sua vez, vai permitir que um aparelho fabricado em um país possa ser usado em outro. É por isso, por exemplo, que determinados modelos do iPhone vendidos nos EUA não funcionam no Brasil. 

Temor. No caso do Brasil, a Anatel anunciou que vai oferecer três faixas de frequência para o 5G: 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. O órgão também já apresentou a ideia na UIT e agora precisa convencer outros representantes de que essas faixas são ideais – ou achar alternativas. 

Um dos temores da Anatel é que frequências escolhidas por outros países já estejam sendo utilizadas aqui no Brasil, por exemplo, pelo sinal do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), lançado pela Telebrás no ano passado, a mesma faixa é desejada para o 5G por países da Europa. 

“Nossas preocupações são quanto à dificuldade do alcance em áreas arborizadas ou com muitos prédios, que podem causar interferência no sinal”, diz o presidente da Anatel, Juarez Quadros. 

“É um problema, porque o espectro de frequência é finito e a maior parte dele já está ocupada. É preciso otimizar”, avalia Cristiane Maciel, engenheira elétrica especializada em telecomunicações. 

Enquanto isso, os principais fabricantes do mundo estão testando seu dispositivos com as</IP> possibilidades existentes. É o caso da Qualcomm que fabrica chips para celulares e carros inteligentes. “Sabemos que o 5G vai mudar o mundo. Não podemos ficar de braços cruzados”, diz Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm na América Latina.

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Novos usos. A padronização do 5G também é importante, na visão do governo, para destravar o lado prático do Plano Nacional de Internet das Coisas, apresentado no ano passado após estudos patrocinados pelo BNDES. Nele, foram delimitadas quatro áreas estratégicas: saúde, cidades inteligentes, agronegócio e indústria. 

“Os relatórios mostram que o Brasil tem uma oportunidade de bilhões com o 5G”, diz José Marcos Brito, professor do Instituto Nacional de Telecomunicações. Ele defende a aplicação da tecnologia para levar conexão a áreas remotas, ainda offline. “O 5G pode ter um papel social enorme”, diz o especialista.

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