Conheça Greg Marra; o jovem que decide o que você lê no Facebook

Pesquisadora define o criador do algoritmo do Facebook como o 'o executivo de mídia mais poderoso do mundo'

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Por Agências
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WASHINGTON – Com apenas 26 anos, pode até não parecer, mas Greg Marra, engenheiro do Facebook, é capaz de decidir o que um bilhão de pessoas leem diariamente no mundo inteiro. Marra é o nerd responsável pelo algoritmo que a rede social utiliza para decidir que conteúdos terão prioridade no feed de notícias dos usuários, que compõem cerca de 20% da população mundial.

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Segundo Emily Bell, diretora do Tow Center for Digital Journalism da Universidade de Columbia, o automatismo coordenado por Marra o tornou “o executivo de mídia mais poderoso do mundo”.

Cerca de 30% de todo o consumo de notícias nos Estados Unidos passa pelo Facebook. Nas áreas urbanas do Brasil, o número chega a 67%, de acordo com um relatório de 2014 do Instituto Reuters da Universidade de Oxford.

Das 950 milhões de visualizações de vídeos que o BuzzFeed alcança mensalmente, apenas 5% são originadas pelo próprio site. A maior parte, com protagonismo do Facebook, vem de outras plataformas digitais.

No fim de 2013, quando o Facebook mudou a formulação de seu algoritmo para mostrar um conteúdo noticioso mais sério, vários sites virais como Buzzfeed sofreram forte queda no número de acessos.

“Nem todo mundo sabe que por trás do que é lido no Facebook, ou mostrado no Google, há um algoritmo que decide tudo. Por isso, é necessário que as pessoas saibam que há um viés”, explicou a Agência Efe Karrie Karahalios, professora de ciência da computação da Universidade de Illinois.

Marra, um especialista em robótica que às vezes se apresenta nos escritórios do Facebook vestido como Super Mario e diz não se preocupar com o lado editorial de seu trabalho, se autodefine como uma pessoa apaixonada por “criar coisas que ganham vida por si mesmas”.

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A carreira de Marra não está focada em jornalismo ou estudos da comunicação de massa, mas seu poder é tanto que se mudasse a configuração do sigiloso algoritmo do Facebook, algo que a empresa já experimentou, poderia afetar o comportamento na vida de cada pessoa.

Segundo a revista Mother Jones, nas eleições presidenciais americanas de 2012, o Facebook modificou o “feed de notícias” de dois milhões de usuários, o que gerou maior participação eleitoral.

Em outros testes, a empresa tentou provar se é possível “contagiar emocionalmente” com otimismo usando notícias positivas.

Marra chamou a atenção do Vale do Silício em 2008, ao criar uma rede de robôs capaz de convencer de maneira autônoma usuários do Twitter de carne e osso. As máquinas conseguiam interagir com as pessoas e persuadi-los a serem seus seguidores.

O talento e o perfil de Marra são o expoente mais claro de uma tendência que vem se tornando norma: empresas de tecnologia decidem o consumo de notícias e robôs desempenham o papel de editores, uma profissão cada vez mais desvalorizada.

“A maneira que o algoritmo do Facebook funciona não é totalmente transparente”, explicou Karahalios, que reconhece que a estrutura do sistema de blindagem da rede social só é conhecido por alto.

Segundo ele, isso é muito delicado pela cada vez maior vontade da empresa de se tornar uma plataforma de propaganda.

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Karahalios considera que, além do algoritmo, que analisa milhares de variáveis, o poder do Facebook reside na enorme quantidade de dados que podem ser processados e submetidos a técnicas de “machine learning”, a lógica de programação por trás da inteligência artificial.

/Jairo Mejía (EFE)

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