PUBLICIDADE

Consumo e produção de vídeos saltam com popularização de smartphones

Formato assume importância cada vez maior entre empresas de tecnologia e usuários de internet; consumo de vídeo em celulares e tablets já ocupa mais da metade do tráfego online

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

SÃO PAULO – Um carro avança por uma avenida movimentada do Rio de Janeiro quando seu porta-malas abre repentinamente. Enquanto a motorista assustada procura um lugar onde possa parar o veículo, no carro de trás, Yuri Esteves, de 22 anos, saca o smartphone e começa a filmar o sobe e desce frenético da porta traseira. O registro foi então colocado no Vine, app de vídeos de até seis segundos mantido pelo Twitter.

PUBLICIDADE

O que veio depois transformou a vida de Esteves. As inúmeras notificações de que seu vídeo estava sendo curtido e compartilhado por outros usuários estimularam o estudante a postar outras gravações, cada vez mais autorais, em que ele aparece fazendo graça com cenas do cotidiano.

Esteves virou celebridade. Hoje tem mais de 183 mil seguidores no Vine, é reconhecido nas ruas do Rio de Janeiro, procurado por marcas que desejam colocar produtos em seus vídeos e ganha passagens aéreas de fãs que fazem vaquinhas para que ele participe dos encontros de “viners” (como são chamados os usuários do app) em diferentes cidades.

“O smartphone abriu as portas para eu começar a me gravar, porque é algo que está na mão o tempo todo e permite que eu consiga comunicar facilmente tudo que eu quero em segundos”, explica Esteves, que largou a faculdade de Direito para cursar teatro e publicidade.

Não é de hoje que os vídeos fazem sucesso na web. O que acontece agora é uma nova fase de consumo e produção de conteúdo audiovisual facilitada pelo aumento mundial da adoção de smartphones com acesso a redes 3G, conexão que permite volumes maiores de dados, caso do conteúdo em vídeo.

Segundo pesquisa da consultoria E-marketer, mais da metade do tráfego da internet por meio de dispositivos móveis (53%) em todo o mundo é para consumo de vídeos. Até 2018, esse número chegará a 69%, prevê a Cisco, fabricante de infraestrutura de rede. No Brasil, o tráfego por meio de dispositivos móveis para consumo de vídeos deve dobrar anualmente nos próximos quatro anos, à medida que houver uma melhora na qualidade da conexão, de acordo com a Cisco.

“Os smartphones têm telas cada vez maiores e são computadores completos na palma da nossa mão. O vídeo permite que você registre o seu ponto de vista e projete uma imagem mais completa de si”, diz Douglas Almeida, da Stayfilm, startup que desenvolveu uma ferramenta que transforma álbuns de fotos e vídeos caseiros em um filme de curta duração.

Publicidade

Hyperlapse

Há duas semanas o Instagram lançou mundialmente o app Hyperlapse, pelo qual é possível gravar vídeos com o efeito time-lapse, que acelera a passagem do tempo. O perfil oficial da Casa Branca no Instagram foi um dos primeiros a postar um vídeo com a novidade. A técnica usada no cinema e antes conseguida com equipamentos profissionais caros está agora disponível gratuitamente para qualquer pessoa com um smartphone. A ideia é fazer pelo vídeo a mesma coisa que os filtros fizeram pelo compartilhamento de fotos através do celular. A nova selfie tem movimento e som.

“Estamos muito animados com o crescimento dos vídeos nos dispositivos móveis. Nosso mundo está constantemente em movimento, por isso as pessoas têm uma tendência natural a gostar de vídeos”, diz o gerente de comunicação do Instagram, Gabriel Madway.

Mudanças recentes no Facebook e Twitter também colocaram os vídeos em evidência, de olho no aumento do engajamento que essas ferramentas podem criar. Nos EUA, por exemplo, o Vine faz tanto sucesso que já criou uma cena musical independente e é referência para acompanhar eventos importantes, como os recentes protestos contra a violência policial em Ferguson, nos EUA.

“As pessoas não querem mais simplesmente participar de algumas experiências, elas querem compartilhar essas experiências”, diz Daniel Uchoa, diretor executivo da Overmedia Cast, que produz vídeos para plataformas móveis.

 

É o caso do empresário Bruno Ogura, de 31 anos, que há seis anos registra cenas do cotidiano com diferentes modelos da câmera GoPro, queridinha dos surfistas e praticantes de esportes radicais por ser pequena, resistente e poder ser acoplada em qualquer lugar. O resultado é postado no Vimeo ou na sua conta no Instagram.“Para mim a GoPro é um estilo de vida. Carrego a câmera para qualquer lugar que eu consiga registrar uma imagem que as câmeras portáteis convencionais não me proporcionam”, diz.

Foi para diminuir o peso da bagagem de mão na sua viagem de lua de mel que a professora de educação física Fernanda Grosso, de 29 anos, comprou uma câmera GoPro. Fernanda documentou toda a sua viagem por Paris com a câmera e diz que a facilidade de fazer vídeos e fotos com qualidade viciam. “Teve um vídeo que eu fiz com meu marido mostrando a gente andando de bicicleta em Paris que ficou muito bafo. Postei no Instagram e Facebook e todo mundo gostou. Agora fico pensando nas fotos que vou tirar”, diz ela

Publicidade

 

O analista financeiro Jansen Meira, de 24 anos, que registra a prática de slackline, esporte de equilíbrio, e as experiências em brinquedos de parques de diversões (veja abaixo ou clique para ver) com a GoPro explica o fascínio por trás dos registros diários. “O vídeo mostra a emoção do momento que a foto não consegue captar. E a qualidade final me incentiva a pensar em fazer mais vídeos que ninguém ainda fez”, diz. Não por acaso, a GoPro tem planos de se reposicionar como uma empresa de mídia, promovendo canais específicos para os vídeos de seus fãs.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.