Coreia mira software com startups

Nova geração de empresas aposta no mercado de dispositivos móveis para levar país além da produção de hardware

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:

Nova geração de empresas aposta no crescimento do mercado de dispositivos móveis para levar país além da produção de hardware

 

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Aplicativo. Criadores do Visumé receberam investimento de cinco fundos e querem ir ao mercado internacional disputar espaço com o LinkedIn FOTO: Divulgação

SEUL – Após formar-se em administração de empresas em 2007, Simon Lee, de 31 anos, conseguiu emprego em algumas das maiores empresas da Coreia do Sul, como a operadora de telefonia SK. Mas ele não estava feliz. “Tinha um bom salário e estabilidade, as melhores coisas que podem acontecer na sua vida de acordo com a cultura asiática. Mas queria seguir meu sonho”, diz.

 

Em 2012, ele deixou o emprego para fundar a Flitto, plataforma de tradução colaborativa que hoje tem 11 funcionários e recebeu US$ 800 mil em investimento. “Muitos dos meus amigos ficaram preocupados quando tomei a decisão”, lembra.

Lee é o típico representante da nova geração de empreendedores que está surgindo na Coreia do Sul. Qualificados e experientes, eles fogem da concorrência cada vez mais acirrada entre jovens no mercado de trabalho para abrir suas próprias empresas. Dados da Associação de Venture Capital da Coreia do Sul indicam que o número de startups no país subiu de 15, 4 mil em 2008, para mais de 28 mil em 2012.

Quem deu impulso às novas startups foi a Apple. Tudo começou com a chegada do iPhone 3Gs ao país no fim de 2009, estimulando o desenvolvimento de um mercado de aplicativos. O país conhecido pelas grandes empresas de hardware, como Samsung e LG, começou a apostar no desenvolvimento de empresas globais de software.

Peter Song é um dos empreendedores dessa época. Ele criou, em 2010, a appsasia, desenvolvedora de apps que hoje tem grandes empresas no portfólio. “Vários desenvolvedores de games largaram seus empregos para abrir startups. Os investidores começaram a aportar dinheiro, mas muitas falharam”, diz, “Hoje o mercado é mais cauteloso.”

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O maior expoente dessa nova geração é a Kakao Talk, criada em 2010. A empresa desenvolveu um app de mensagens de texto que já soma 110 milhões de usuários no mundo. Games, sistemas de educação, big data e segurança, no entanto, são vistos hoje como áreas mais promissoras para novas startups.

Barreiras O desconhecimento sobre o país e o idioma são barreiras a serem enfrentadas pelos empreendedores sul-coreanos, “O K-pop (estilo musical popularizado pelo cantor Psy) está tornando o país mais conhecido. Há três anos me perguntavam na Europa o que eu entendia de e-books. Isso está mudando”, diz Haewon Lee, CEO da startup que desenvolve livros digitais para crianças Publstudio. Com 27 funcionários, a empresa já trabalhou para a Rovio, do jogo Angry Birds.

Jacky Lee, que já foi designer de empresas como Samsung e LG, e criou a Easyworks Universe, desenvolvedora do aplicativo de portfólio Visumé, diz que o mercado de startups coreano ainda é incipiente. Um exemplo disso, é que a maioria dos investimentos ainda é na faixa US$ 100 mil. “Não há um grande ecossistema e aportes em todos os níveis”, diz. “A maior preocupação é com a sobrevivência.”

Apesar dos desafi0s, uma pequena revolução já começou no país por causa dos novos negócios. “Agora é mais fácil do que nunca pedir comida, táxi e falar com amigos”, diz Peter Song. Para Lee, da Flitto, o clima é de otimismo. “A Coreia do Sul precisa encontrar as engrenagens que vão levá-la para a próxima era de desenvolvimento. Muitos acreditam que as startups são o meio para isso.”

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