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CVM cria núcleo para monitorar startups de finanças

Centro de inovação quer antecipar tendências e discutir impactos que as fintechs podem causar no mercado de capitais

Por Mariana Durão e do Rio
Atualização:
 Foto: Marcos Santos|USP Imagens

Para acompanhar de perto o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias em transações do mercado de capitais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) montou nesta semana um grupo formado por técnicos de diversas áreas. O Núcleo de Inovação em Tecnologias Financeiras (ou Fin Tech Hub) vai monitorar iniciativas globais no segmento, seguindo recomendação da Organização Internacional das Comissões de Valores (Iosco).

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De acordo com o presidente da CVM, Leonardo Pereira, o objetivo é antecipar tendências e discutir os impactos que essas ferramentas podem trazer para o mercado de capitais. Um dos objetivos é que o corpo técnico da autarquia federal, responsável por regular o mercado de capital de risco, esteja preparado para orientar empreendedores e desenvolvedores da área de tecnologia em relação aos aspectos regulatórios de serviços e produtos financeiros. A tarefa será feita pelo Centro Educacional da CVM.

A percepção é que o avanço tecnológico no setor financeiro – um dos setores em alta no mundo das startups – pode transformar modelos de negócios, processos, mercados e produtos regulados pela CVM. É o caso das plataformas de negociação em alta frequência, o assessoramento financeiro automatizado e o crowdfunding, modelo de financiamento coletivo de empresas nascentes que deverá ser regulamentado em breve pela autarquia.

"A tecnologia tem que ser tratada de forma diferente, porque as mudanças são muito rápidas. Se o regulador não fizer isso pode ser atropelado pelo mercado. O Núcleo é fundamental para atuarmos de maneira proativa, estudando possíveis impactos à eficiência, solidez, transparência e proteção aos investidores", afirma Pereira. 

O crescimento do número de startups de serviços voltados ao setor financeiro começou pelo Vale do Silício norte-americano, mas já aporta no Brasil. O País já tem pouco mais de uma centena das chamadas fintechs, atuando em áreas como pagamentos (31%), gerenciamento financeiro (18%), empréstimo e negociação (16%), funding (10%), investimentos (8%), eficiência financeira (7%), Bitcoin e blockchain (5%) e seguros (5%). Os dados são do relatório de 2016 do FintechLab, associação que monitora as iniciativas do setor no mercado brasileiro.

De acordo com o levantamento a expectativa é que as fintechs brasileiras recebam R$ 450 milhões em investimentos em 2016 e que metade delas atinjam faturamento superior a R$ 1 milhão. Atualmente 69% das startups financeiras no País estão em fase operacional.

O núcleo criado pela CVM vai envolver as áreas de Assessoria de Análise e Pesquisa (ASA), a chefia de gabinete da presidência e as superintendências de Desenvolvimento de Mercado, Informática, Proteção de Orientação aos Investidores, Relações com Investidores Institucionais, Relações com o Mercado e Intermediários, Registro de Valores Mobiliários e Relações Internacionais. 

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