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Desvalorização de ações é boa para o Google

Analistas afirmam que papéis da empresa voltam a parecer atraentes

Por Agências
Atualização:

O sucesso do Google em manter presença no mercado chinês pode não ser suficiente para aliviar as preocupações de Wall Street quanto à capacidade do gigante de buscas em manter a velocidade de ascensão sustentada nos últimos anos.

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Mas as ações do Google, consideradas por muitos como supervalorizadas em grande parte dos últimos 12 meses, começam a parecer atraentes, depois de uma queda de 26 por cento este ano, segundo analistas.

“Acreditamos que o Google seja ótimo investimento em longo prazo, mas não devido à China. A China é provavelmente a região em que (as ações) mais enfrentam dificuldades,” disse Ryan Jacob, do Jacob Internet Fund, que detém ações tanto do Google quanto de seu maior rival na China, o Baidu.

“Fora da China, o Google é um negócio mundial forte com retornos extremamente elevados e posição invejável de mercado. E a avaliação atual de suas ações parece baixa,” acrescentou.

As ações do Google caíram em 26 por cento até agora este ano, bem acima dos 4 por cento de queda no índice composto da Nasdaq. A StarMine, do grupo Thomson Reuters, estima que o preço atual das ações do Google implique ritmo anualizado de crescimento na receita anual por ação de apenas 10,3 por cento ao ano, em termos compostos e por prazo de 10 anos. A média histórica de crescimento na receita por ação do Google para os últimos cinco anos foi de 69,4 por cento.

Além da disputa com o governo chinês quanto à censura, o que colocou em risco o futuro da empresa no maior mercado mundial de Internet por número de usuários, o Google também enfrenta desafios para elevar sua receita em três áreas essenciais: publicidade em celulares, publicidade convencional e o site de vídeos YouTube, dizem analistas.

O Google precisa de novas fontes de receita porque será difícil expandir de maneira significativa a publicidade vinculada a buscas, dada sua fatia de mais de 60 por cento no mercado de buscas norte-americano. Também existem temores de reversão na recuperação econômica mundial, dado o alto desemprego nos Estados Unidos e a crise da dívida europeia.

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Os problemas da empresa na China estão desviando seu foco do continente europeu, que merece muito mais atenção, de acordo com Jason Helfstein, analista da Oppenheimer.

“A realidade é que aquilo que vem acontecendo na Europa tem impacto muito maior sobre os fundamentos do Google,” disse ele, mencionando preocupações com a possibilidade de que os gastos soberanos dos governos europeus possam ser contidos devido à crise da dívida soberana.

O Google não informa separadamente seu faturamento na Europa, embora alegue que a receita internacional respondeu por 53 por cento do faturamento no primeiro trimestre, e destaque o Reino Unido como responsável por 13 por cento do total.

SITUAÇÃO NA CHINA CONSIDERADA FRÁGIL

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O Google informou na sexta-feira que a China renovou sua licença para operar uma página de Internet no país, o que amenizou a preocupação quanto à possibilidade de que a companhia fosse expulsa daquele mercado por sua recusa em censurar os resultados de buscas em chinês na rede.

Mas embora Pequim tenha autorizado o Google a continuar a operar na China, o retorno não será imediato – se houver.

A receita do Google na China foi estimada por analistas entre 300 milhões e 600 milhões de dólares, fração pequena do total anual de 24 bilhões de dólares. A empresa detém cerca de 30 por cento do mercado de buscas na China, muito menos que a Baidu.

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Hamilton Faber, da Atlantic Equities, descreveu a renovação da licença na China como “resultado positivo mas modesto” para o Google, cujas ações subiram em 2,4 por cento e fecharam a 467,49 dólares na sexta-feira.

“Ainda creio que a posição de longo prazo deles na China seja frágil,” disse, acrescentando que o Google enfrentará uma batalha difícil para ampliar sua receita publicitária no país.

A tensão entre o Google e Pequim nos últimos meses colocou os anunciantes chineses em alerta.

“Os anunciantes não querem se colocar em oposição ao governo,” disse Jacob. “Agora que o Google já enfrentou problemas com as autoridades, anunciar lá pode ter ficado menos atraente e um pouco mais arriscado.”

/JENNIFER SABA e ALEXEI ORESKOVIC (REUTERS)

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