Digitalização recupera registros do passado

A tecnologia está mudando a cultura nos três tempos: presente, futuro e passado. A digitalização e a possibilidade de levar ao público fotos, discos, livros e filmes que poderiam ficar esquecidos em uma prateleira empoeirada vai mudar o jeito como olhamos para o passado. Não dá para não se empolgar com a possibilidade de viajar no tempo. “É importante digitalizar o que existe”, explica Carlos Augusto Ditadi, da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Conselho Nacional de Arquivo. “No Arquivo Nacional, já digitalizamos e disponibilizamos, por exemplo, os registros de navios de imigrantes a partir de documentos originais”, conta. “O patrimônio cultural deve ser acessível a todas as pessoas e a internet nos oferece essa possibilidade”, diz Klaus Cenowya, diretor da Biblioteca Estadual da Baviera, na Alemanha, que digitalizará um milhão de livros em parceria com o Google. “As bibliotecas devem oferecer seus acervos onde o usuário estiver.”

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Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Maria Bonita: o scanner que troca o papel pela web (Paulo Pinto/AE) A Biblioteca Digital Mundial, lançada pela Unesco em 2009, é o exemplo da digitalização levada à escala global. O internauta navega por um mapa-múndi ou por uma linha do tempo para ter acesso a centenas de mapas, ilustrações, manuscritos e livros de todas as partes do mundo, acessíveis por qualquer cidadão. A digitalização do acervo das bibliotecas, porém, é uma tarefa que envolve uma série de questões em várias áreas. Para começar: são necessários equipamentos robustos para lidar com a quantidade, mas delicados para não agredir os materiais antigos. A Brasiliana, biblioteca digital da USP, investiu US$ 220 mil na “Maria Bonita”, um robô que escaneia 2,4 mil páginas por hora. A Biblioteca Estadual da Baviera usa a “mesa fotográfica de Graz”, que se ajusta para cada página. e também scanners 3D. O copyright também é uma questão complexa. No Arquivo Nacional, por exemplo, há acervos digitalizados que não podem ser disponibilizados na rede por que ainda estão protegidos por copyright. “Temos que esperar que as obras caiam em domínio público”, diz Ditadi. Nos EUA, por exemplo, a legislação do ‘fair use” (uso amigável) contorna esse problema. Até agora, todo o conhecimento que a humanidade produzia era guardado em formas físicas. Hoje o passado e o futuro estão juntos – e essa possibilidade de acesso ao conhecimento cria uma série de novas questões para a sociedade resolver.

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