Duolingo lança cursos por crowdsourcing

Com 'Language Incubator', colaboradores poderão montar cursos de novas línguas na plataforma, que também serão gratuitos

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Por Anna Carolina Papp
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Com ‘Language Incubator’, colaboradores poderão montar cursos de novas línguas na plataforma, que também serão gratuitos

SÃO PAULO – Luis Von Ahn, criador do curso gratuito de idiomas Duolingo – que atualmente conta com seis línguas –, já recebeu mais de mil mensagens de pessoas se oferecendo para ajudar a montar um curso de uma língua ainda não contemplada no popular aplicativo. Agora, 15 meses depois do lançamento do serviço, qualquer um pode ajudar a inserir um novo idioma na plataforma.

 
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Nesta quarta-feira, a empresa está lançando a Language Incubator (Incubadora de Línguas) – uma plataforma de crowdsourcing para que qualquer interessado possa montar um curso de qualquer língua e disponibilizá-lo gratuitamente no serviço.

Com o novo projeto, Ahn espera que sejam que 50 novas línguas sejam adicionadas nos próximos seis meses, à medida que os usuários colaboram com seus idiomas nativos.

“A incubadora vai ser uma forma de a comunidade criar novas línguas para o Duolingo”, diz o fundador. Ele explica que o objeto não é apenas adicionar novas línguas, mas aumentara interação entre elas para o aprendizado, uma vez que hoje a língua mais estudada é o inglês – principal moeda de troca para o ensino de outros idiomas.

“Hoje, do português e do espanhol, você só pode aprender inglês. Do inglês, você pode aprender português, espanhol, alemão, francês e italiano”, diz. Ele aposta que os primeiros cursos a serem criados pela comunidade de usuários devem ser inglês a partir de mandarim, japonês e árabe, português a partir do espanhol e espanhol a partir do português. Ele afirma que espera até línguas de ficção, como Klingon e élfico.

Moderadores. Os novos cursos e por crowdsourcing dos usuários serão formados por meio de moderadores. Usuário interessados em elaborar um curso na plataforma deverão acessar o site e se inscrever para serem moderadores de um determinado idioma. A empresa irá avaliar as inscrições e selecionar um ou mais moderadores, que por sua vez poderão escolher quantos colaboradores quiserem.

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A partir daí, deverão seguir as instruções do site para montar as etapas do curso. “Por exemplo, temos 3 mil palavras que são obrigatórias e indispensáveis, tem que ser ensinadas. Os colaboradores então vão seguindo o organograma da plataforma para construir o curso”, explica Ahn.

Um algoritmo da plataforma irá checar alguns quesitos, como consistência. Se o moderador colocar uma palavra como tradução de “mãe”, por exemplo, e mais para frente usar uma frase que inclua “mãe”, a palavra tem que ser a mesma. “Não conseguiremos checar tudo; porque, no fim das contas, se conseguíssemos, não precisaríamos das pessoas. Mas a consistência será avaliada pelo algoritmo”, Ahn. Depois de pronto, o curso será liberado em versão beta.

Jogo de tradução. Atualmente, quase 80% dos usuários dos 5,5 milhões de usuários ativos acessam o Duolingo via celular – 39% de dispositivos iOS e 38% de Android. Uma parcela menor utiliza o serviço pelo desktop, 23%. O sistema funciona como uma espécie de jogo: o estudante vai avançando por diferentes níveis e perde “corações” com respostas incorretas. Primeiro, é apresentado a novas palavras. Depois, tem de traduzir frases – o que vai lhe dando pontos. Há também atividades com imagens e áudio.

Quando o usuário completa um dos níveis, outro mais avançado é desbloqueado. As etapas estão divididas em categorias como saudações, animais, verbos e pronomes. Quem já tem algum conhecimento do idioma pode fazer um teste de atalho e pular para o próximo nível.

 

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Um dos diferenciais do Duolingo é que, enquanto os usuários estão aprendendo um idioma, simultaneamente estão traduzindo algum pedacinho da web – trechos de textos que empresas pagam o Duolingo para traduzir. O serviço, que utiliza computação humana, segue a mesma lógica de outra ferramenta criada por Ahn, hoje já espalhada por toda a web: o captcha, aquelas sequências de letras distorcidas que as pessoas decifram para provar que não são um robô.

Nascido na Guatemala e formado nos Estados Unidos, Ahn, professor ciência da computação na Universidade de Carnegie Mellon, afirma que o serviço ainda não é lucrativo, apesar de gerar receita com as traduções. “Para o serviço ser gratuito, ainda gastamos mais do que ganhamos. Acredito que o projeto da incubadora possa ajudar na receita com algumas línguas, como inglês-mandarim e mandarim-inglês”, diz.

Os colaboradores não serão remunerados, mas Ahn acredita que isso não será um problema, uma vez que muitas pessoas já demonstraram a ele interesse em colaborar. “Acredito que as pessoas realmente querem contribuir, principalmente porque gostam da ideia de que o Duolingo oferece educação gratuita. E vai continuar gratuito para sempre. Então a nossa esperança é de que muita gente contribua”, prevê.

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—-Leia mais:Duolingo: Movido a palavras • A aposta na computação humana

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