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E-book usa GPS; vídeo; games e áudio para divertir

Por Heloisa Lupinacci
Atualização:

Por Rodrigo Villela

No início deste mês, na Feira de Guadalajara (México), durante o 8º Fórum Internacional de Editores e Profissionais do Livro, com o tema “A edição e as livrarias frente às mudanças tecnológicas” (link para a matéria), John W. Warren, diretor de marketing e publicações da RAND Corporation, participou com a conferência “Evolução da publicação digital: uma nova profissão?”.

 

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Durante a sua fala, mencionou, como possibilidade de livro eletrônico, o projeto “Alice Inanimada”, que pode ser lido grátis. O leitor segue as peripécias de Alice, incrementada com imagens do Google Maps, vídeos, áudios, fotos e localização GPS. Há uma planta da casa da garota, com fotos de ambientes e vídeos que exploram detalhes. Ainda é possível jogar os jogos que ela inventa e ouvir as canções que ela compõe. Warren propõe que as possibilidades para o livro eletrônico vão muito além do texto. E caminham em direção a algo bastante distinto daquilo a que chamamos de livro.

O livro eletrônico toma para si elementos do universo digital que já conhecemos bem: games, vídeos e interação. Com isso, a “leitura” fica mais próxima à diversão e à interatividade, deixando de ser uma atividade solitária que exige concentração para se conectar a um mundo particular. E o papel da imaginação na leitura muda completamente. Mas, afinal, essas são mudanças no universo do livro ou o e-book é uma nova mídia?

Compreender esse universo é a ordem do dia para todos os profissionais da área. Para José Castilho Marques Neto, presidente da editora Unesp e secretário do Plano Nacional do Livro e da Leitura, o PNLL, além do aparecimento de novas mídias, para complicar ainda mais, a conectividade do autor com o leitor pode modificar o mercado de maneira jamais vista. Ele afirma que, com a interatividade, é possível aprofundar o conteúdo sem que o texto, a essência do livro, seja prejudicado.

Com isso, abrem-se novos caminhos para a edição. Castilho argumenta que novos suportes não podem ser problema. Segundo ele: “A questão é a incapacidade dos editores em trabalhar com conteúdos de maneira diferenciada, estratégica, pois agora existe a oportunidade de trabalhar conteúdos conceitualmente, utilizando mídias distintas ou complementares, para cada um deles”.

De maneira geral, há um receio em relação ao novo suporte. O problema, segundo Castilho, é que os editores estão perdendo de vista o que o livro tem de mais elementar. Em suas palavras: “Os editores estão lendo cada vez menos seus próprios autores. Há uma pauperização na qualificação do conteúdo”.

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O livro eletrônico é uma oportunidade e pode auxiliar o desenvolvimento do mercado ainda mais – isso já se sabe. O enfrentamento dessa discussão do novo suporte não estaria, portanto, na tecnologia, e sim, “na habilidade em trabalhar conteúdos levando-se em conta as novas possibilidades”, esclarece Castilho.

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