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Editor propõe integração entre jornalista e hacker

O 'Link' entrevistou o editor de Notícias Interativas do New York Times, Aron Pilhofer; veja mais

Por Redação Link
Atualização:

O ‘Link’ entrevistou o editor de Notícias Interativas do New York Times, Aron Pilhofer; veja mais

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Nayara Fraga, do Radar Tecnológico

SÃO PAULO – O editor da seção de Notícias Interativas do New York Times, Aron Pilhofer, trabalha em conjunto com uma equipe de 14 jornalistas que também são desenvolvedores. Eles se envolvem diariamente em reportagens baseadas em um grande volume de dados e desenvolvem aplicações que enriquecem o material jornalístico. Para ele (veja entrevista abaixo), que se declara mais jornalista do que hacker, o mais emocionante seria ver repórteres lidando bem com uma simples planilha.

 

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Quais são os resultados da interação entre jornalistas e hackers? Ela pode resultar (e no nosso caso tem resultado) em novas formas de contar histórias e novas plataformas de publicação.

Quais foram as reportagens mais bem-sucedidas que essa interação já proporcionou? No nosso caso, eu acho que projetos como Toxic Waters (série sobre poluição da água nos Estados Unidos) e Wikileaks chamam a atenção. Em ambos os casos, a equipe de reportagem e a de tecnologia trabalharam de forma integrada o tempo todo e foram complementares uma a outra. Eu também adorei uma reportagem que publicamos na revista sobre jogos bobos e viciantes, apesar de não ter sido um produto da minha equipe. A versão online continha, claro, um jogo desses: você podia controlar uma nave espacial e, usando as setas direcionais e o espaço do teclado, você poderia explodir qualquer coisa na página. Impressionante.

Como funciona a relação hacker-jornalista no New York Times? Nós somos simplesmente parte do processo editorial, não diferente do resto. Nós somos chamados a participar da reportagem logo no começo para trabalhar em conjunto com os repórteres e com o editor.

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A capacidade de extrair informações a partir de um grande volume de dados é habilidade fundamental para o jornalista do futuro? Sim, mas eu diria bem menos que isso. A maioria dos jornalistas — mesmo hoje — são completamente ignorantes quando o assunto é usar dados e analisá-los como parte de sua reportagem. Se suas vidas dependessem de uma planilha, eles não saberiam se virar com ela. Houve um tempo em que isso era provavelmente OK. Mas o que fazemos está, cada vez mais, baseado em registros públicos mantidos em formato eletrônico. É um problema sério. Eu adoraria se cada jornalista pudesse fazer sua própria análise de dados e trabalhar com grandes volumes de informações. Mas, honestamente, eu ficaria emocionado só de vê-los lidando melhor com coisas mais simples, como planilhas.

Você também faz parte do grupo Hacks/Hackers, que promove encontros entre jornalistas e desenvolvedores em vários países. Como funciona? Não é uma organização de verdade, porque a estrutura do grupo é bem livre. Não queríamos uma superorganização, daquelas de carteirinha para cada integrante, que fazem conferências anuais e distribuem prêmios. Quisemos ser bem informais. Você pode se declarar um jornalista ou um hacker, ou ambos, e participar. Se já há um evento acontecendo em determinado lugar, você pode ir até lá. Ninguém vai pedir a você que mostre que sabe escrever códigos ou seu portfolio. Em Nova York ocorrem com frequência apresentações de projetos de pessoas da área do jornalismo e da tecnologia, visitas a redações, maratonas hackers, conversas com empresas. Uma vez no mês alguma atividade acontece. Se você quiser criar um desses encontros via Hacks/Hackers, você pode. É só visitar o site.

HACKATÃO

Na virada desta sexta-feira, 22, para sábado, o Grupo Estado promoverá o primeiro hackathon organizado por um veículo de comunicação no Brasil, em parceria com a Casa de Cultura Digital. O evento reunirá repórteres, editores, designers, diagramadores, ilustradores, programadores e estudantes de jornalismo por 24h, para analisar bases de dados públicos e criar soluções e aplicações digitais e práticas para esses dados. Saiba mais sobre a maratona hacker aqui.

—-Leia mais:Quem tem medo dos hackers?Hackatão começa hoje; veja lista de inscritosRumo ao Hackatão

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