Editoras e autores brasileiros resistem ao livro eletrônico

Suporte físico de leitura não só sobrevive, como lidera com folga a preferência entre leitores

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Por Matheus Mans
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Perdeu quem apostou no fim do livro de papel com a popularização dos eBooks. O suporte físico de leitura não só sobrevive, como lidera com folga a preferência entre leitores, segundo diversos indicadores.

Em 2013, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) calculou que apenas 3% dos R$ 5,3 bilhões faturados com livro no Brasil vinha das plataformas digitais.

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Em reportagem realizada em 2014, o jornal Financial Times relatou a queixa de um grupo de executivos da Waterstones, a maior cadeia de livrarias da Inglaterra. Segundo eles, as vendas do Kindle — popular plataforma de livros digitais — simplesmente desapareceram.

Entre universitários, o papel segue com força: a pesquisadora norte-americana Naomi Baron entrevistou recentemente 300 alunos de vários países e constatou que 92% preferem livros de papel.

Há editoras e autores brasileiros que resistem ao livro eletrônico. A DarkSide Books, tão presente no meio digital, ainda não publicou eBooks. “Nós queríamos apostar apenas na qualidade do impresso. O livro digital ficou para um segundo momento”, conta Christano Menezes. E a pouca animação com os eBooks não se restringiu às publicações da DarkSide. Ano passado, a Biblioteca Nacional expediu 16.564 registros para livros digitais – apenas 1% a mais do que em 2013.

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Os autores Raphael Montes e Carolina Munhóz ressaltam que as vendas de seus livros ainda são predominantemente de impressos. Montes indica que o eBook existe para cumprir outras funções. “O livro digital permite novas maneiras de contar histórias. Pode ser mais interativo, colocar imagens. Possibilita até que cegos ouçam o livros através de aplicativos. Mas dificilmente os eBooks ultrapassarão o número de vendas do físico”, comenta.

Outra questão levantada é a ruptura que o mercado editorial deverá passar, como indicado por Bernardo Obadia, sócio-fundador da financiadora coletiva de livros Bookstart. “Provavelmente, será tudo feito online. As livrarias mesmo estão se tornando apenas um ponto de encontro” comenta. “Assim, novas formas de publicação deverão ser favorecidas, como o financiamento coletivo. Isso vai servir de auxílio numa essencial reestruturação do mercado”, conclui.

O ponto mais importante, porém, é a dependência que editoras e autores estão criando com booktubers e páginas literárias para divulgação na web. Gustavo Magnani, escritor e dono do site Literatortura, aponta que a relação é essencial. “A internet será a mãe de todas as divulgações literárias. Esperta a editora e o escritor que une as duas coisas”, comenta.

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