Autoridades do Egito obrigaram a operadora de celular Vodafone a transmitir mensagens de texto pró-governo durante os protestos que abalaram o país, afirmou a empresa de telecomunicações com sede no Reino Unido nesta quinta-feira, 3.
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Pelo Twitter, clientes egípcios da Vodafone estão publicando imagens mostrando as mensagens de texto enviadas ao longo dos dias de protestos contra o regime de 30 anos do presidente Hosni Mubarak.
Uma mensagem recebida no domingo por um repórter da Associated Press no Egito clamava os “homens honestos e fiéis (do país)” a confrontar “os traidores e criminosos” e a “proteger nosso povo e a honra”. Outra mensagem instava os egípcios a participar de uma marcha pró-Mubarak no Cairo na quarta-feira, 2. A primeira mensagem tinha como remetente a “Vodafone”. A segunda era assinada como “Adoradores do Egito”.
Em comunicado, o grupo Vodafone disse que as mensagens foram concebidas pelas autoridades egípcias e que a empresa não tinha o poder de alterá-las.
“O Grupo Vodafone protestou às autoridades que a situação atual em relação a essas mensagens é inaceitável”, diz o comunicado. “Nós deixamos claro que todas as mensagens deviam ser transparentes e claramente atribuíveis ao remetente de origem”.
A empresa também disse que seus concorrentes — incluindo as operadoras Mobinil, do Egito, e a Etisalat, dos Emirados Árabes Unidos — também fizeram o mesmo. A Etisalat, conhecida antigamente como Emirates Telecommunications Corp., se negou a comentar o caso.
A Vodafone disse que as mensagens foram enviadas “desde o início dos protestos”, que começaram há mais de uma semana.
A Vodafone não respondeu imediatamente a um e-mail da reportagem questionando por que a empresa esperou quase 10 dias para divulgar publicamente o caso. O comunicado da empresa foi enviado somente depopis que a reportagem da Associated Press insistiu diversas vezes.
A empresa negou a revelar a quantidade de mensagens enviadas, ou se elas continuavam a ser transmitidas pela rede da operadora.
A Vodafone já havia sido alvo de críticas por seu papel no bloqueio à internet no Egito, que durou diversos dias. A empresa disse que a ordem de cortar o acesso aos consumidores egípcios não poderia ter sido ignorado, pois seria uma violação das leis do país.
/ Raphael G. Satter e Adam Schreck (ASSOCIATED PRESS)