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Eletrônicos controlados pelo cérebro

Novas tecnologias poderão permitir que pessoas executem tarefas com seus aparelhos usando só o pensamento

Por Filipe Serrano
Atualização:

Novas tecnologias poderão permitir que pessoas executem tarefas com seus aparelhos usando só o pensamento

THE NEW YORK TIMES

EUA – Na semana passada, engenheiros descobriram, vasculhando o código de programação do Google Glass, algumas maneiras ocultas de as pessoas interagirem com computadores sem precisar dizer uma palavra. Entre elas, um usuário poderia mexer a cabeça para ligar ou desligar os óculos. E uma simples piscada poderia ordenar o registro de fotografias.

 

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Mas não espere que gestos como esses sejam necessários por muito tempo. Em breve estaremos interagindo com nossos smartphones e computadores usando nossa mente. Dentro de alguns anos, poderemos apagar as luzes de casa apenas pensando nisso. Ou enviar e-mail do nosso smartphone sem sequer tirar o aparelho do bolso. Num futuro mais distante, o seu robô-assistente chegará perto de você com uma limonada porque sabe que você está com sede.

Pesquisadores do Emerging Technology Laboratory, da Samsung, estão realizando testes com tablets que podem ser controlados pelo cérebro mediante o uso de um capacete (semelhante ao de esqui) equipado com eletrodos de monitoramento. É o que foi relatado pela publicação Technology Review.

A tecnologia, chamada de interface computador-cérebro, foi idealizada para permitir às pessoas com paralisia e outras deficiências a interação com computadores e o controle de braços robóticos simplesmente pensando nessas ações. E não vai demorar muito para essas tecnologias estarem incluídas em produtos eletrônicos.

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Alguns produtos de leitura pelo cérebro ainda imperfeitos já existem e permitem às pessoas jogar games fáceis ou mover um mouse na tela. A NeuroSky, empresa com sede em San Jose, Califórnia, lançou recentemente um fone de ouvido com Bluetooth que pode monitorar pequenas mudanças nas ondas cerebrais e que possibilita às pessoas jogar games, que exigem concentração, em computadores e smartphones.

Muse, um aro de cabeça leve, sem fio, pode interagir com um aplicativo que “exercita o cérebro”, forçando as pessoas a se concentrarem em todos os aspectos de uma tela. As fabricantes de carros estão explorando tecnologias instaladas atrás do assento do veículos que detectam quando o condutor dorme ao volante e envia sinais sonoros pela direção para acordá-lo.

 

Avanço. Os produtos comercializados hoje logo estarão ultrapassados. “As atuais tecnologias do cérebro são como tentar ouvir uma conversa num estádio de futebol a partir de um dirigível”, disse John Donoghue, neurocientista e diretor do Brown Institute for Brain Science. “Atualmente, para entender realmente o que se passa no cérebro de uma pessoa você necessita implantar cirurgicamente uma série de sensores nele.” Em outras palavras, para conseguir acessar o cérebro é preciso um chip na sua cabeça.

No ano passado, o projeto BrainGatte, de Donoghue, permitiu a duas pessoas com paralisia total usar um braço robótico por meio de um computador que respondia à atividade cerebral. Uma mulher que não usava seus braços há 15 anos conseguiu agarrar um bule de café, servir-se e recolocar o bule na mesa. Tudo imaginando os movimentos do braço robótico.

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Mas o chip dentro da cabeça deverá em breve desaparecer à medida que os cientistas conseguirem uma maior compreensão do cérebro e, assim, de tecnologias que aprimoram as interfaces cérebro-computador. / TRADUÇÃO TEREZINHA MARTINO

Função possível hoje já foi tema de ficção científica

Um aparelho que lê pensamentos pode parecer algo sensacional, mas também pode deixar algumas pessoas receosas, já que ele traz um quê de ficção científica para a realidade do dia a dia. No filme Firefox, de 1982, Clint Eastwood interpreta um piloto de caça que parte numa missão para a União Soviética para roubar um protótipo de um caça que pode ser controlado por um “neurolink” no cérebro. Mas Clint tinha de pensar em russo para o avião funcionar e ele quase morre quando não consegue lançar os mísseis.

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Embora a ideia não seja movimentar aviões com a mente, a possibilidade de navegar na internet com seu smartphone só usando o pensamento pode estar mais próxima. Para o neurocientista John Donoghue, uma das técnicas utilizadas para ler os cérebros é a chamada P300, em que um computador pode determinar em que letra do alfabeto alguém está pensando com base na área do cérebro ativada quando ela vê uma tela com várias letras.

Mesmo com avanços cada vez mais velozes, novos desafios surgirão à medida que os cientistas precisarem determinar se a pessoa deseja buscar na web algo específico ou se apenas está pensando num tópico aleatório. “Se estou pensando num filé ao ponto num restaurante, não significa que eu quero comer isso”, diz Donoghue. “Da mesma forma, os óculos do Google terão de saber se você está piscando porque tem algo no olho ou se realmente quer tirar uma foto.” / NYT

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