Empresa brasileira lança celular à prova de grampo

Granitephone, criador pela empresa Sikur, foi lançado durante evento internacional em Barcelona para atender a demanda de empresas e governo por privacidade

PUBLICIDADE

Por Murilo Roncolato
Atualização:
 

SÃO PAULO – A empresa brasileira Sikur escolheu a feira mais importante sobre dispositivos móveis, a Mobile World Congress, de Barcelona, para apresentar ao mundo seus celulares super seguros, criptografados, e voltados para atender a demanda de empresas e governo por privacidade – a previsão é que versões para consumo chegue apenas em 2016.

PUBLICIDADE

O Granitephone permite comunicação (texto, vídeo e voz por IP) e troca de arquivos sob proteção de criptografia. O aparelho, que já recebeu pedidos mesmo antes de estar pronto, terá seu desenvolvimento finalizado até o fim de maio. A previsão de entrega no mercado fica para o terceiro trimestre deste ano.

“Fizemos como os americanos. Montamos uma apresentação de slides e levamos para governo e empresas. Se tivesse demanda, a gente mandava produzir. E teve muita”, diz o direto executivo da empresa Cristiano Iop.

O eletrônico pode ser encontrado em dois modelos: O GT1, produzido em parceria com fabricante internacional não divulgado, que é inteiramente protegido e voltado para atender cargos de alto escalão de governos, principalmente na área de defesa e empresas; e o GT2, um celular que permite a mudança do ambiente pessoal para o de trabalho, sendo apenas este último protegido com as ferramentas da Sikur. Ambos são baseados em Android.

“O GT1 tem alteração no hardware e é totalmente de nicho por isso. O GT2 tem o que a gente chama de “container” embarcado, mas é um celular comum. Em termos de volume, claro que espero que o GT2 venda mais, inclusive pelo apelo que tem por profissionais que lidam com informação, como jornalistas”, diz Iop.

Oportunidade

A empresa, que nasceu em Curitiba com apenas quatro funcionários (hoje são 70), apresentou apenas a plataforma na feira de Barcelona do ano passado. A solução, compatível com Android, iOS e Windows (para uso em desktop), poderia ser inserida em qualquer aparelho. Após interesse pela tecnologia desenvolvida (inclusive pela Secretaria de Segurança Pública, do MJ), a brasileira resolveu seguir os passos da sua única concorrente, a Silent Circle, responsável pela Blackphone, e embarcar todo o sistema em um dispositivo próprio. Segundo a empresa, o Granitephone será vendido por cerca de US$ 800.

Publicidade

Atualmente, a Sikur tem sede em Miami (EUA) e passa por um processo de internacionalização. A companhia têm escritório de desenvolvimento em Houston (EUA), e representação comercial nos Emirados Árabes, México, Colômbia e Chile. Até o fim deste ano, estarão também em Londres (Inglaterra) e Hong Kong, e, no ano que vem, em Nova York (EUA).

“Por ser uma tecnologia brasileira, no contexto pós-Snowden, vimos a possibilidade de crescer em países na América Latina e no Oriente Médio”, disse. “É claro que mercado americano e europeu são mais maduros quanto a produtos de privacidade e segurança; no Brasil isso é mais difícil, mas achamos que com o tempo isso pega.”

O executivo citou ainda casos como do ataque hacker à Sony Entertainment em dezembro passado e à produtora de chips SIM, a holandesa Gemalto, como incidentes que contribuem para a conscientização da importância do mercado de cibersegurança.

A Sikur foi adquirida em 2012 pelo grupo Ciberbras, que investe e desenvolve negócios na área de defesa e segurança cibernética.

A empresa espera faturar, com a venda dos produtos neste ano, cerca de US$ 24 milhões até o fim de 2015 (no ano passado, a receita total foi de US$ 2 milhões). A empresa anunciou ter recebido investimento de um fundo e de um investidor privado. Sob a consultoria da Gartner, a empresa também espera fazer sua abertura de capital. “Tudo indica que na Nasdaq, em Nova York, mas vamos ver”, disse Iop.

“Acredito que antes do próximos cinco esse mercado de segurança corporativa vai bombar. E, por enquanto, tem mercado para todo mundo.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.