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Opinião|Empresas estrangeiras estão 'roubando' profissionais de tecnologia do Brasil

Com a pandemia, o trabalho remoto facilitou que empresas de fora do País atraíssem funcionários da área; companhias locais reclamam de falta de profissionais

Foto do author Felipe Matos
Atualização:

A demanda por profissionais de tecnologia segue explodindo no País. De um lado, a pandemia acelerou ainda mais o processo de digitalização das empresas. De outro, os investimentos recordes em startups produziram novas empresas com capital para crescer, aumentando o número de vagas. Soma-se a crescente ofensiva de empresas estrangeiras que estão contratando profissionais de tecnologia no País. A tão falada fuga de cérebros agora é virtual, o que potencializa ainda mais esse efeito.

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Com o crescimento da demanda e diminuição da oferta de profissionais, estamos assistindo a um movimento de disputa cada vez mais acirrada por profissionais qualificados, gerando aumento de salários e de rotatividade, que em algumas empresas já está passando de 30% ao ano. Conversei com companhias que tinham metas para crescer suas áreas de tecnologia, mas mal estavam conseguindo repor os profissionais que saíram. O momento é tão crítico que um estudo do LinkedIn sobre as vagas que mais crescem no país em 2022 colocou em primeiro lugar recrutadores em tecnologia. Dos 25 cargos em alta no estudo, 20 são de tecnologia.

O problema é que a formação desses profissionais não acontece na mesma velocidade. Esse gap mais do que triplicou de 2019 para 2021, segundo dados da Brasscom, que apontam que o país forma 53 mil profissionais na área por ano, mas já demanda 159 mil. A entidade aponta que essa demanda deve ultrapassar 790 mil profissionais até 2025, e já há estudos prevendo mais 1 milhão de vagas de tecnologia não preenchidas até 2030.

As empresas se aproveitaram do trabalho remoto para investir nos talentos do Brasil Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

O desafio de qualificação por talentos em tecnologia é um problema global, mas que, no Brasil, é mais grave. O volume proporcional de cursos superiores nas áreas de STEM (ciências, engenharias e matemáticas) por aqui é quase três vezes menor que a média da América Latina. No quadro mundial, estamos muito mal.

Para virar o jogo, é preciso tratar o desafio de forma estrutural e buscar soluções no curto, médio e longo prazos. Por isso, fundei a Sirius, uma escola superior de tecnologia, que busca acelerar a formação de talentos tech. Mas nenhuma escola sozinha conseguirá resolver tamanho desafio. Além do aumento de cursos, é importante inserir conceitos de tecnologia e programação desde o ensino básico. Do contrário, perderemos duplamente a corrida tecnológica, já que nas próximas décadas assistiremos a um dos maiores processos de substituição de empregos da história. Podemos ser vítimas ou protagonistas.

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Opinião por Felipe Matos

CEO da Sirius, vice-presidente da Associação Brasileira de Startups e autor do livro 10 Mil Startups.

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