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Entrevista: Max Isaacson; produtor do vídeo fake da Sprite

Esta semana, centenas de blogs (incluindo o Huffington Post) publicaram uma suposta campanha da Sprite que teria sido censurada na Alemanha. O motivo ficava claro logo que você desse o play: apesar de não exibir nenhuma imagem imprópria, dizer que as produções insinuavam cenas de sexo é eufemismo.

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Por Redação
Atualização:

A web ficou dividida – a maioria acreditava que a Sprite teria produzido um comercial censurável de propósito, para se aproveitar do buzz que isso geraria na rede. O profissionalismo da peça tornava a história mais crível. Mas a maioria dos blogs que publicou a história não questionou a possibilidade de o comercial não ter sido feito pela Coca-Cola Company, provavelmente por causa da confiabilidade da fonte original – o blog do Huffington Post.

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Logo, o YouTube tirou o vídeo do ar por reivindicação da Sprite, por uso indevido da marca, e o responsável por ele veio a público. Em entrevista, o produtor independente de vídeos Max Isaacson, de 25 anos, disse que não tinha nada a ver com a Sprite, que o vídeo era uma brincadeira e que a maneira como ele viralizou foi um ‘experimento social’. O Link conversou com ele para entender como surgiu a ideia, se ele não teve medo de ser processado e como a história acabou sendo divulgada como verdade.

Porque você criou o suposto comercial da Sprite? Fiz as peças mais pra ver no que ia dar, do que qualquer outra coisa. Tive uma ideia que pensei que seria divertida e um pouco arriscada, então mandei ver. Depois que terminei, pensei que os vídeos tinham potencial para viralizar e serem vistos. Depois da produção, aí sim se tornou um teste de quantas pessoas assistiriam e pensariam que era real. Acabou sendo um monte. Você faz outros vídeos parecidos? Trabalha com produção de vídeos? Trabalho frequentemente em produção de clipes e comerciais, não como diretor e produtos, mas vídeos como esse que eu fiz não existem de verdade na indústria. Esse é o maior motivo de eu ter ficado surpreso que alguém tenha acreditado que era uma propaganda original. Fiz escola de cinema na New York University, comecei a trabalhar com clipes e comerciais, economizei algum dinheiro pra produzir os vídeos e peguei a maior quantidade de equipamento possível emprestado para conseguir fazê-lo. Foi uma produção em muitos sentidos bem improvisada na verdade, embora não pareça. E a ideia para o roteiro, de onde veio? Originalmente, de um amigo meu, chamado Ollie. Estávamos conversando um dia, há 12 anos, e ele me disse que tinha uma ótima ideia pra um possível anúncio em um canal de programação adulta. Eu nunca esqueci da ideia. Com o passar dos anos, expandi um pouco o original, mas não muito. Na essência, a ideia genial é do Ollie.

Em algum momento você chegou a afirmar que o comercial era oficial? As propagandas eram totalmente falsas. A Coca-Cola não teve nada a ver com elas. Na verdade, eu deixei isso bem claro desde o início. Não sei como ou porquê as pessoas começaram a especular tanto sobre isso. Os blogs simplesmente piraram.

Porque você acabou fazendo o vídeo? Não tinha medo de possíveis consequências legais? Fiz porque achei que ficaria engraçado pra caramba. E essa foi a motivação que eu precisava. Quanto às consequências legais, eu achava, e ainda acho, que o vídeo entra na categoria de paródia, ou uso justificado da marca. Não acho que fiz nada ilegal. Tipo, você vê essas coisas pela internet o tempo todo, a diferença é que normalmente as pessoas sabem que é falso e nem se preocupam.

Quantos hits o vídeo teve antes de ser retirado do YouTube? Tivemos 898.105 hits antes de sair do ar. Acho que tivemos cerca de 700 mil visitas de outros sites, que oublicaram nosso vídeo sem linkar nosso perfil. Então, no total, algo como 1,5 milhão de hits. Nada mal para um vídeo que ficou no ar só por uns dias. A Coca-Cola chegou a entrar em contato com você pra pedir algum tipo de satisfação? Falei com o pessoal de lá. Eles foram, na verdade, bem compreensivos com toda a situação. Entenderam que se tratou de um boato, e que eu fui só um cara com uma ideia boba. Depois disso, trabalhos juntos para garantir que todo mundo soubesse a verdade sobre a situação. Não poderia ter ficado mais surpreso com a calma e a compreensão deles diante de toda a confusão.

Alguma ideia parecida para o futuro? Meu cérebro é cheio de ideias ruins. Não sei quantas deles conseguirei colocar em prática depois desse fiasco, mas vamos ver quando a poeira baixar. Talvez na próxima vez eu use uma marca falsa, ou algo assim. A última coisa de que eu preciso é arrumar problema constantemente com as maiores corporações do mundo.

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