Estratégia de startups deve ir além da Copa do Mundo; avisam especialistas

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Por Camilo Rocha
Atualização:

Alexandre Dall’Ara André Ítalo Rocha Anna Carolina Papp

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SÃO PAULO – Qualquer estratégia que tenha a Copa do Mundo como gancho deve pensar além do evento, advertem especialistas. “Em 2013, houve uma febre de startups que buscaram aproveitar a Copa para lançar novas ideias, mas só devem dar certo aquelas que fizeram um planejamento para se sustentar depois do torneio”, afirma Guilherme Junqueira, diretor executivo da Associação Brasileira de Startups.

A dificuldade é potencializada não apenas pela efemeridade do evento, mas por uma sobreposição de propostas similares. “É possível que haja um congestionamento de projetos do mesmo tema; daí a importância de procurar soluções para fazer seu app aparecer”, diz Valter Guerrero, sócio da Appies, empresa que cria soluções para promover aplicativos.

Em busca de se diferenciar, algumas startups investiram justamente em quem quer fugir do torneio. Criado para servir como um espaço de negociação de diárias entre os estabelecimentos hoteleiros e os hóspedes, o site InnHolder procura atender àqueles que estão em busca de quartos nas cidades que não receberão jogos. “Como nossa ideia é ocupar quartos ociosos por preços menores, não queremos focar nas cidades-sede, onde não haverá quartos sobrando”, explica o porto-alegrense Felipe Broecker, 33, um dos sócios do InnHolder.

Junqueira, da ABStartups, afirma que a preocupação com o mercado depois da Copa é outro motivo que leva a uma concentração no setor de turismo. “O Brasil recebe turistas o ano inteiro, por isso há alguns casos com boas chances de funcionar no longo prazo, principalmente os que suprem carências de garçons e taxistas.”

A mineira Squadra fez ajustes ao Mob.Urb após a Copa das Confederações, a fim de potencializar a continuidade de seu uso. “Agora o app ficou mais voltado à cidade, para que possa ser explorado por moradores locais, e não só estrangeiros”, afirma Luiz Alessandro. “Mudamos os pontos de interesse e simplificamos os trajetos de trânsito.”

Queima-filme

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Associar-se à Copa, no entanto, nem sempre é marcar um gol. Um exemplo é a gaúcha Yoom Brazil, que no meio do ano passado lançou o Tick Social GPS – app que mostra a localização de seus amigos em tempo real num mapa, além de bares e restaurantes. A ideia inicial era exibir todos os hotéis e estádios cadastrados pela Fifa, mas hoje o tom mudou. Segundo o diretor criativo Max Calhao, a empresa começou a perceber, nas ruas e nas redes sociais, que o seu público-alvo foi aos poucos se tornando contra a Copa, e que atrelar o app ao Mundial seria algo negativo.

“As pessoas estão tão antipáticas ao tema que seguir com isso seria um tiro no pé”, afirma. “Vamos continuar com o app, mas com uma abordagem mais familiar em vez do chamariz de Copa”, afirmou./ A.D., A.I.R. e A.C.P.

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