Etnógrafo está à caça de quem já nasceu com um computador no colo

Acusar, por exemplo, o MSN de ameaçar a norma culta da língua portuguesa pelo miguxês nosso de cada dia ou a internet de viciar-nos nos atalhos mágicos de copiar e colar é tanto fácil como apressado. Segundo o etnógrafo Rogério de Paula, que participa de uma pesquisa da Intel com estudantes entre 10 e 16 anos, não basta levar a tecnologia para dentro da sala de aula sem repensar as tarefas propostas.

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Por Redação Link
Atualização:

“Acompanhamos um grupo de 10 crianças nos Estados Unidos. Uma das professoras propôs que eles escolhessem qualquer texto da internet em espanhol e o traduzissem para o inglês. Eles recorreram à ferramenta de tradução do Google, mas quando encontravam palavras que não tinham tradução imediata, buscavam aproximações em outros idiomas, como o português, e depois as convertiam finalmente para o inglês”, conta ele. “Isso prova que a disposição para encontrar uma solução para um problema está presente. Mas é preciso que eles entendam a tarefa e sintam-se motivados.”

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De Paula explica que enquanto aqueles que se alfabetizaram longe dos computadores, tendo-os adotado mais tarde em sua vida usam o vídeo como complemento a um texto, quem já nasceu na era digital é adepto de colagens e torna o vídeo ou a foto a sua forma de expressão natural.

A pesquisa chegou há pouco ao Brasil e o primeiro campo de estudos tem sido a Campus Party. Paula explica que o público da festa tem sido receptivo às conversas e adianta que um acompanhamento com crianças semelhantes ao feito nos EUA será repetido pelas terras tupiniquins. A Intel, patrocinadora do levantamento, buscar entender quais as necessidades dos diferentes grupos de usuários e a forma como se relacionam com os computadores para melhor posicionar seu amplo leque de processadores.

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