Exércitos se preparam para atuação no campo digital

Generais não têm mais dúvidas de que estratégias militares envolverão cada vez mais recursos cibernéticos

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Por Redação Link
Atualização:

Generais não têm mais dúvidas de que estratégias militares envolverão cada vez mais recursos cibernéticos

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Por Bruno Lupion

Na última década, havia um tabu entre as forças militares quanto à criação de unidades específicas para defesa e ataque no espaço cibernético – o assunto era novo e a divisão Exército, Marinha e Aeronáutica estava bem consolidada. Assim foi até meados de 2009, quando os EUA criaram seu Cyber Command.

No ano seguinte, a Inglaterra lançou seu Cyber Security Operations Center. Há pouco mais de um mês, a China confirmou a criação do Exército Azul para defesa cibernética e, há duas semanas, a Alemanha inaugurou o Nationale Cyber-Abwehrzentrum.

Os generais não têm mais dúvidas de que estratégias militares envolverão cada vez mais recursos cibernéticos. Quando a comunidade internacional se dispôs a atacar o ditador líbio Muamar Kadafi, os EUA disseram que poderiam estrear ali um novo sistema – chamado Blinder – capaz de interromper as comunicações e o funcionamento de computadores, cegando o país. Mas o melhor exemplo de ataque cibernético já lançado contra uma nação é o do vírus Stuxnet, que pausou o programa nuclear iraniano com um pendrive.

O criador do vírus – supostamente o exército israelense, segundo acusa o governo do Irã – tinha o desafio de invadir uma usina nuclear que não é conectada à internet. A solução foi criar um vírus que se espalhasse por computadores domésticos, até atingir a máquina de um funcionário da usina que decidisse levar arquivos para a instalação nuclear em um pendrive. O Stuxnet infectou mais de 60 mil computadores até chegar à usina.

Lá, o vírus percebeu que tinha alcançado seu alvo e entrou em ação: ao mesmo tempo em que informava nas telas de controle que tudo funcionava normalmente, reprogramou as centrífugas de enriquecimento de urânio para que girassem a uma velocidade maior do que a suportada, até quebrá-las. Como não é fácil produzir ou comprar novas centrífugas desse tipo, o Stuxnet impôs um significativo atraso ao programa nuclear iraniano.

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No Brasil. As Forças Armadas preparam o lançamento do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), até o final do ano. O CDCiber será comandado pelo Exército, mas integrará recursos da Marinha e da Aeronáutica, e terá cerca de cem oficiais. Em suas instalações, nos arredores de Brasília, haverá simuladores de guerra cibernética, laboratórios para análise de vírus e um centro de tratamento de incidentes.

Para treinar oficiais, o Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio, oferece cinco cursos de mestrado e doutorado na área de defesa cibernética para quem é graduado em ciências da computação ou engenharia de defesa.

Os homens por trás do CDCiber são o coronel Luiz Cláudio Gomes Gonçalves, que trabalha há um ano na implantação do Centro, e o general de divisão José Carlos dos Santos, que comandará o CDCiber. O Link tentou entrar em contato com eles, mas ambos estavam em Washington participando de uma conferência com militares americanos sobre guerra cibernética e não puderam dar entrevista.

—-Leia mais:Lei Azeredo volta à pautaAnálise: Ataque, não: protesto!Link no papel – 04/07/2011

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