Facebook deleta páginas da oposição na Síria

Ativista e ONGs reclamam que diversas páginas foram excluídas; rede social nega qualquer tipo de censura

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

SÃO PAULO – Ativistas sírios e observadores do conflito no país estão acusando o Facebook de deletar páginas de grupos opositores ao regime sírio. Uma reportagem do The Atlantic informa que algumas páginas com informações importantes sobre grupos ativistas e organizações não-governamentais (ONGs) desapareceram da rede social, um problema especialmente grave em um momento que há forte censura no país, que vive uma guerra civil.

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Entre as páginas deletadas está a Kanfrabel Media Center, criada por Ammar Hamidou, um sírio refugiado nos Estados Unidos queusava a rede social como forma de divulgar informações sobre o que viu acontecer no seu país.

Outra página removida da rede social com conteúdo semelhante tinha cerca de 42 mil fãs, e foi banida da rede social após postar a imagem de um homem que foi morto pelo exército sírio. A foto, porém, não mostrava um cadáver, mas, sim, a imagem do homem ainda com vida sentado em uma cadeira com uma criança em seu colo. A legenda em árabe falava sobre a morte. Segundo os administradores da página, muitas fotos de corpos já haviam sido postadas na rede social, o que gerou espanto quando a imagem de um homem sentado na cadeira foi deletada.

O Facebook há tempos é acusado de remover conteúdos sob alegação de infração de suas regras, como o caso famoso da imagem de uma mulher amamentando retirada do ar por ser classificada como conteúdo ofensivo.

Jillian York da Electronic Frontier Foundation já acusou a rede social de ser amigável com regimes repressores como o governo turco. Já Felim McMahon, do Storyful, uma startup irlandesa que verifica a autenticidade de conteúdo noticioso publicado em redes sociais, escreveu no Google + que algumas páginas removidas eram reconhecidas por publicarem conteúdos importantes sobre o conflito sírio.

Alguns ativistas acreditam que simpatizantes de Bashar Assad estariam denunciando repetidamente seus oponentes na tentativa de driblar o sistema do Facebook – segundo a rede social, há uma equipe especializada em receber essas denúncias e fazer a remoção do conteúdo se necessário.

Em resposta ao The Atlantic, o diretor de políticas públicas do Facebook para Europa, Oriente Médio e África, Richard Allan, afirmou que os mecanismos de detecção de páginas com conteúdo ofensivo não são perfeitos e que a rede social está lidando com questões difíceis no que diz respeito à Síria, já que o conteúdo que as fontes locais acreditam se tratar apenas de reportagem poderia ultrapassar os limites e ser considerado conteúdo ofensivo. “Em algumas situações é muito difícil para nós determinar”, afirmou.

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Balancear a qualidade do conteúdo em zonas de conflito se tornou um problema para a rede social. “As pessoas fazem coisas que nunca imaginaríamos que aconteceriam quando a rede social foi criada”, disse o porta-voz do Facebook. “Retirar uma página é um caso extremo e apenas acontece depois que damos uma série de opções. Fazer censura não é nosso negócio.”

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