Facebook diz que sua moeda não competirá com bancos centrais

Empresa defenderá seu projeto de moeda diante de legisladores americanos nesta terça e quarta

PUBLICIDADE

Por Redação Link
Atualização:
Facebook defenderá a libra no congresso americano Foto: Facebook/Divulgação

David Marcus, responsável pela libra, moeda do Facebook, planeja dizer aos legisladores dos Estados Unidos que a empresa não lançará a moeda até que as preocupações e aprovações regulatórias estejam totalmente resolvidas. Ele também deve prometer que a libra não está sendo construída para competir com moedas soberanas ou interferir na política monetária. Marcus tem audiências marcadas no congresso americana nesta terça e quarta e já disponibilizou na internet seu discurso inicial.

PUBLICIDADE

“A Associação Libra, que administrará a reserva da libra, não tem intenção de competir com quaisquer moedas soberanas ou entrar na arena da política monetária”, disse Marcus, segundo o testemunho preparado para o Comitê Bancário do Senado dos EUA. “A política monetária é propriamente a área dos bancos centrais.”

Marcus acrescenta no depoimento que a Associação Libra, que será composta por um grupo de 28 empresas, planeja se registrar como uma empresa de serviços financeiros na Financial Crimes Enforcement Network (FinCEN) e espera colaborar completamente com as regras do Bank Secrecy Act e a outras regras contra lavagem de dinheiro.

Desde o anúncio da libra no mês passado, o Facebook tem enfrentado um fluxo constante de críticas e ceticismo de formuladores de políticas monetárias em todo o mundo, que citam preocupações sobre segurança de dados, lavagem de dinheiro e proteção ao consumidor. Marcus falará perante os comitês do congresso que supervisionam questões financeiras, onde vários membros sugeriram que a moeda seja barrada.

Embora prometa que a Associação Libra vai aderir a leis e regulamentos relevantes, Marcus tentará vender aos legisladores os méritos da moeda, argumentando que os Estados Unidos não deveriam sufocar tal inovação.

“Estou orgulhoso de que o Facebook tenha iniciado esse esforço aqui nos Estados Unidos”, falará ele no depoimento. “Acredito que se os EUA não liderarem a inovação na área de moedas e pagamentos digitais, outros o farão. Se deixarmos de agir, poderemos ver em breve uma moeda digital controlada por outros cujos valores dramaticamente diferentes.”

O executivo repetirá o discurso de que o valor da libra não será lastreado em um único ativo, como as moedas nacionais, e sim a uma lista de ativos cotados numa cesta de divisas fortes, incluindo dólar, iene, libra esterlina e euro. Estes ativos serão mantidos pela Reserva da Libra, composta por uma rede geograficamente distribuída de "custodiantes com grau de investimento" que garantirá a "auditabilidade, transparência, segurança e descentralização".

Publicidade

Privacidade

Com relação à privacidade, Marcus compara a libra a outras moedas que utilizam blockchain: as transações incluirão somente os endereços públicos do remetente e receptor, o valor da transação e o horário. Outras informações não serão visíveis e "a Associação não manterá nenhum dado pessoal separadamente", de forma que os dados não serão monetizados.

Mais preocupações

Como fez Donald Trump na semana passada, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steve Mnuchin, demonstrou nesta segunda-feira,15, que o Departamento do Tesouro tem sérias preocupações de que a libra possa ser mal utilizada para lavagem de dinheiro, aumentando o crescente ceticismo regulatório em relação aos planos de ativos digitais da empresa.

PUBLICIDADE

Mnuchin também disse que a agência advertiu o Facebook de que a companhia deve estabelecer garantias adequadas contra o uso ilícito, como lavagem de dinheiro, da moeda.

“O Tesouro tem sido muito claro com o Facebook ... e para outros provedores de serviços financeiros digitais que devem implementar as mesmas salvaguardas contra a lavagem de dinheiro para combater o financiamento do terrorismo como fazem as instituições financeiras tradicionais”, disse Mnuchin.

Não é a primeira vez que a moeda ouve críticas. Sobre isso, Marcus concorda com a opinião do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sobre a necessidade de um processo de implementação "paciente e minucioso" da moeda digital. /COM INFORMAÇÕES DA REUTERS

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.