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Imagem Pedro Doria

Pedro Doria

Facebook sabe que precisa de emoções inflamadas para manter relevância

Documentos internos do Facebook que mostram o quanto a companhia compreende os resultados negativos de suas ações

16/09/2021 | 18h19

  •      

 Por Pedro Doria - O Estado de S. Paulo

Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook

Leah Millis/Reuters

Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook

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O Wall Street Journal está publicando aquilo que talvez seja uma das mais importantes séries de reportagens sobre o impacto da tecnologia na sociedade – e na política – deste ano. Os repórteres puseram as mãos em uma imensa quantidade de documentos internos do Facebook que mostram o quanto a companhia compreende os resultados negativos de suas ações. Pois é: compreende, e muito.

No início de 2018, o Face tocou uma mudança de seu algoritmo que afetou o Feed. É aquela coluna central onde aparecem postagens, fotografias e vídeos logo que entramos na rede social. Eles vinham sofrendo críticas por conta da interferência de notícias falsas e publicidade financiada pela Rússia nas eleições presidenciais americanas, em 2016. Insatisfeito com o que lhe parecia excessivo conteúdo noticioso, também preocupado com indicadores de uso na plataforma, o CEO Mark Zuckerberg encomendou estudos sobre como mudar.

O principal critério do algoritmo para selecionar o que aparece na tela, até ali, era o de auxiliar cada usuário a encontrar conteúdo que lhe fosse relevante. Passou a aumentar a interação com amigos e família. O objetivo era criar um ambiente menos carregado, mais amistoso. Deu errado.

O processo para fazer a alteração foi mudar a fórmula que dá valor a cada postagem. Um like, um joinha, vale um ponto. Um compartilhamento da postagem – cinco pontos. Se alguém faz um comentário maior, daqueles em que se gasta tempo, trinta pontos. Estes multiplicadores aumentam se a interação parte de um amigo, de um familiar, e diminui se é de alguém estranho. Esta pontuação total auxilia os computadores do Face a decidir se uma postagem vai aparecer para quem abre a rede, e em que posição vai estar na ordem do que surge no deslizar do dedo.

O resultado foi mais peso, mais emoções inflamadas. Reclamações logo apareceram. Um partido polonês percebeu uma mudança nos comentários. Se antes eram meio a meio entre positivos e negativos, passaram a 80% negativos. Atiçar a irritação do público passou a ser bom negócio. Quanto mais inflamados os ataques aos adversários, maiores e viscerais os comentários que chegavam, mais compartilhamentos provocavam.

Alguns partidos europeus, nesta onda negativa, chegaram a mudar suas posições políticas a respeito de certos temas para aplacar a virulência. Uma pesquisa espanhola detectou um aumento de 43% no número de insultos em páginas políticas. Números similares apareceram na Índia e em Taiwan.

Os objetivos do Face com a mudança do algoritmo eram dois. O primeiro, tornado público, era fazer com que a relação das pessoas com a rede se tornasse menos passiva. Em vez de um eterno assistir de vídeos, ver de fotos, que houvesse mais engajamento. Uma relação ativa e maior contato com amigos e com família. O segundo objetivo, este discretamente evitado nas menções públicas, tem a ver com os números da companhia. Sua percepção é de que sem engajamento, com o tempo, as pessoas poderiam abandonar a rede. O Facebook mudou para sobreviver.

Em 2020, já na pandemia, os técnicos fizeram uma experiência com posts de temas cívicos e ligados a saúde. Pararam de dar nota para aqueles muito compartilhados e comentados. O resultado foi imediato: desinformação caiu muito, parou de ser distribuída. Foi proposto a Zuck ampliar a mudança.

Segundo os relatórios, ele não quis. Teme que caia a relevância do Facebook. É uma escolha. Se, como está, amplia o ódio entre quem discorda politicamente, é um preço que o Face está disposto a pagar.

*É JORNALISTA

    Tags:

  • Facebook
  • Mark Zuckerberg

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