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Fórum do Software Livre atinge maturidade

Evento que começou na última quarta em Porto Alegre se encerra neste sábado e se consolida como um dos mais importantes sobre o tema

Por Murilo Roncolato
Atualização:
 

Evento que começou na última quarta em Porto Alegre se encerra neste sábado e se consolida como um dos mais importantes sobre o tema

PORTO ALEGRE – Um jurássico atualizado. É assim que se define, brincando, o atual coordenador do Fórum Internacional do Software Livre. Chegando à segunda edição sob seu comando – e última, caso não seja reeleito à presidência da Associação do Software Livre (ASL) –, Ricardo Fritsch avalia positivamente a situação atual do uso de plataformas abertas e livres – sob a licença de uso público instigada por Richard Stallman – no Brasil, mas se diz “chocado” em ver ainda hoje práticas como a recente compra de licenças de softwares da Microsoft pela Caixa Econômica (veja também “Em Porto Alegre, um apelo do software livre“).

 

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Fritsch trabalhava na Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs) quando conheceu Marcelo Branco, fundador da ASL e idealizador do Fórum. Ele conta que apesar e trabalhar com software livre, o engajamento foi sendo adquirido com o tempo e com a convivência.

Branco vê a Fisl hoje como um evento já consolidado. “É um evento de 13 de sucesso. Não é feira, é apenas uma reunião comunitária em defesa do compartilhamento e está no auge da sua maturidade”, diz. “Com toda essa crise aí fora, é visível que Fritsch fez um grande trabalho este ano.”

A 13ª edição teve cerca de 700 palestrantes, de mais de 20 países, ministrando 50 oficinas a um público de aproximadamente oito mil pessoas.

Como destaques, ficam os debates sobre educação, que teve duas salas reservadas para as atividades, e a inédita Rodada de Negócios e Competências, que colocou empresas do setor de TI que trabalham com software livre para fechar acordos comerciais. “Foi ótimo para mostrar que se faz bom negócio com software livre, sim. Isso dá visibilidade”, diz Fritsch.

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A programação do ano que vem será definida logo após a conclusão desta edição. Mas é certo que mobilidade, dispositivos móveis e questões sobre dados abertos estarão na pauta. “Esses temas já foram pincelados agora, mas em 2013 eles terão um peso bem maior.”

 

Ricardo Fritsch se inseriu no grupo de coordenadores logo no início dos anos 2000 e hoje, na gerência do evento, se mostra satisfeito com os rumos do software livre no País.

“O Fisl e o software livre cresceram juntos. Hoje, todas as esferas da sociedade – setor privado, governo – falam bem do modelo aberto”, afirma.

Há casos recentes, porém, que destoam dessa versão. Em junho, a Caixa Econômica abriu um pregão eletrônico para a compra de softwares de escritório da Microsoft (pacote Office, serviço de e-mail e de bancos de dados). Por fim, venceu a Allen com uma oferta de R$ 112 milhões. A Caixa era tida como um bom exemplo de empresa pública usuário de softwares livres.

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O atual coordenador geral da Fisl e presidente da Associação do Software Livre disse ter ficado “chocado” com a notícia. “Eles tem um bom histórico, usavam uma ótima solução de correio eletrônico. Pagar licenças à Microsoft para soluções de escritório? A gente não precisa de nenhuma delas”, protesta.

Fritsch comentou a fala da palestrante Deborah Bryant, conselheira da Open Source Initiative e conhecida por seu trabalho de incentivo de software livre na esfera pública, que citou os Estados Unidos como país sem política definida sobre software livre, mas que nos próximos cinco anos não terá mais dinheiro para pagar licenças a empresas como Microsoft, Oracle ou Adobe.

“É inevitável, pagar licença para ter soluções que já existem no formato livre não é viável mais”, diz.

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O Fórum Internacional de Software Livre aconteceu entre os dias 25 e 28, com palestras ocorrendo das 10h às 19h, diariamente. Para mais detalhes, acesse o site oficial e veja como foi a cobertura pelo Link.

* O repórter viajou a convite da organização do Fisl.

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