Fórum econômico digital

Líderes de emrpesas como Mark Zuckerberg (Facebook) e Eric Schmidt (Google) participam de evento do G8, na França, para discutir direitos autorais e comércio eletrônico na internet

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Por Redação Link
Atualização:

Andrei Netto CORRESPONDENTE PARIS*Publicado no caderno ‘Economia & Negócios’ desta terça-feira.

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Às vésperas da realização do G-8 em Deauville, na França, autoridades públicas e líderes empresariais do mundo da internet, como Mark Zuckerberg e Eric Schmidt, criadores de Facebook e Google, estão em Paris, onde participam nesta terça-feira, 24, do chamado e-G8, dedicado à internet. Depois de criar a Lei Hadopi, tentativa de controlar os downloads, o objetivo do Palácio do Eliseu é estimular outros países a “aumentar a segurança” no ciberespaço, em favor do comércio eletrônico e contra a pirataria.

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O evento, apelidado de “Davos da web” — em referência ao Fórum Econômico Mundial (WEF) — , marca a abertura da semana do G-8 de Deauville, que terá a participação dos chefes de Estado e de governo dos Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália e Rússia, além da França.

 

A proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy, é de lutar contra a pirataria em nível global, defender a propriedade intelectual e proteger as grandes empresas da competição na internet. Além de Zuckerberg e Schmidt, estarão no evento personalidades como o barão australiano da mídia global, Rubert Murdoch, proprietário da NewsCorp, Jeff Bezos, diretor-presidente da Amazon, Jimmy Wales, fundador de Wikipedia, e Lawrence Lessig, professor da Universidade de Stanford. Entre as lideranças políticas, o destaque será para Christine Lagarde, ministra da Economia e favorita à direção-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Entre os objetivos oficiais do evento, estão temas políticos, como o combate ao “ciberterrorismo”, mas o acento fica sobre o impacto econômico da internet na economia: crescimento, criação de empregos, modernização de profissões, sobrevivência de indústrias tradicionais e ruptura tecnológica estão entre as preocupações. “A ideia do fórum e-G8, desejado pelo presidente Sarkozy, é promover as discussões livres entre as pessoas oriundas do mundo da internet, a fim de que elas possam influir sobre o G-8, alimentando as reflexões dos chefes de Estado”, diz Maurice Lévy, diretor-presidente do grupo publicitário Publicis, organizador do fórum.

Mas, ainda que seus criadores não admitam, uma das ideias do e-G8 é aproximar os grandes empresários da internet dos executivos de empresas tradicionais, como as operadoras telecom, ameaçadas pela revolução do tráfico de dados na internet. Prova disso são os patrocinadores do evento: empresas como Vivendi, holding de empresas de telecomunicações como a francesa SFR e a brasileira GVT, e da indústria fonográfica, como Universal, financiam o e-G8.

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O suposto viés reacionário do evento detonou críticas de organizações não-governamentais, que veem na iniciativa um excesso de preocupação em defender grandes empresas e ampliar o controle da internet. “Há um vínculo claro entre patrocinadores e convidados para este evento, organizado pelo setor privado e com acesso limitado a empresas privados e governos”, criticou em nota o movimento Internet Gouvernance Caucus (IGC), que luta contra o excesso de ingerência governamental na internet.

A polêmica em torno do e-G8 ganhou ainda mais corpo depois que a revista semanal Marianne revelou que Sarkozy havia vetado, em setembro de 2010, um projeto do então ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, de lançar um debate internacional sobre liberdade de expressão e a proteção dos “ciberdissidentes”, os dissidentes políticos que usam a internet contra regimes autoritários.

O projeto, que antevia as revoltas no mundo árabe, não foi em frente, mas as ideias de regulação da internet não foram bloqueadas. “Esse evento é uma cortina de fumaça para mascarar o controle acentuado dos governos na internet”, denunciaram as ONGs europeias Quadrature du net, Telecomix e Chaos Computer Club.

O e-G8 se encerra na quarta-feira, 25, encaminhando uma lista de proposições à reunião de líderes de Deauville, que se inicia na quinta-feira, 26.

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