Fox, de Rupert Murdoch, oferece US$ 14 bilhões para comprar britânica Sky

Megaempresário já detém fatia de 39% na empresa de TV por assinatura; proposta avalia Sky em US$ 23,2 bilhões

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Por Agências Internacionais
Atualização:
O megaempresário de mídia Rupert Murdoch, do grupo Fox Foto: REUTERS/Jason Reed

O grupo norte americano 21st Century Fox, controlado pelo megaempresário Rupert Murdoch, fez uma proposta de US$ 14 bilhões para adquirir as ações remanescentes do grupo de TV por assinatura britânico Sky. As informações foram divulgadas ontem pela empresa europeia, que informou a seus acionistas que aceitou a proposta. 

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Hoje, a Fox já é a maior acionista da Sky, com fatia de 39,1%. Com o controle total da britânica, a companhia, cujos canais incluem a Fox News e o FX, poderá ter uma plataforma de distribuição de seu conteúdo no mercado europeu. Com 21 milhões de assinantes em todo o continente, a Sky é líder na Europa e tem cerca de 30 mil empregados, em operações distribuídas no Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Áustria e Itália. 

Após serem notificadas das intenções da Fox, as autoridades regulatórias do Reino Unido definiram a data limite de 6 de janeiro para que o grupo americano faça sua oferta final. 

Caso seja confirmada, a aquisição da Sky pela Fox reforça uma tendência no mercado, com a consolidação de grupos dos setores de mídia e de telecomunicações – há cerca de um mês, a AT&T ofereceu US$ 85,4 bilhões pela compra da Time Warner, conglomerado que detém marcas como DC Comics, HBO, CNN e Warner Bros. 

A transação, no entanto, ainda precisa ser avaliada pelas autoridades regulatórias de todo o mundo – incluindo o Brasil, onde a sobreposição entre canais por assinatura e operadoras de TV paga não é permitida. Em 2014, a Comcast chegou a tentar adquirir a Time Warner, mas a operação foi barrada pelas autoridades regulatórias americanas. 

Esse tipo de transação, porém, tem sido utilizada pelas empresas de mídia e telecomunicações para conter a ameaça de rivais do setor de tecnologia. Entre eles, estão os serviços de streaming de vídeo desenvolvidos por empresas como Netflix e Amazon, que têm ganhado assinantes e se expandido pelo mundo nos últimos anos – em janeiro, a Netflix anunciou que já estava presente em 190 países, enquanto a Amazon afirmou que neste mês já 200 países teriam acesso aos seus serviços. 

Passado. O negócio avaliou a Sky em US$ 23,23 bilhões – com ágio de 36,2% para o preço das ações da Sky no fechamento de mercado de quinta-feira. Após a divulgação da notícia, as ações da Sky subiram 26,7% na bolsa de Londres – já a Fox viu seus papéis caírem cerca de 2% no meio do pregão da bolsa eletrônica Nasdaq. 

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A oferta de Murdoch já vinha sendo sinalizada há algum tempo: no começo deste ano, o presidente executivo da Fox, James Murdoch, foi eleito o presidente do conselho da Sky, dando pistas de que a empresa de mídia americana poderia fazer uma proposta pela britânica. Em 2015, Rupert Murdoch disse que ter apenas 40% da Sky “não era um estado natural para nós”, mas declarou que não havia planos imediatos de comprar o resto da companhia. 

A Sky Television começou suas atividades em 1989 no Reino Unido, fundada pelo próprio Rupert Murdoch. Um ano depois, a empresa se fundiu com a rival BSB, que fazia transmissões via satélite. Desde então, Murdoch nunca conseguiu ter uma fatia majoritária da empresa.

Em 2010, o empresário teve uma tentativa fracassada de adquirir a BKsyB, nome que a empresa utilizava na época. Entre os fatores que atrapalharam a investida de Murdoch, estava o escândalo de quebra de sigilo telefônico praticado pelo tabloide inglês News of the World, pertencente à News Corp, que fazia parte do grupo de Murdoch na ocasião. Outro problema era o potencial de concentração da mídia inglesa: na época, a News Corp também possuía em seu portfólio os jornais The Sun e The Times. 

Para os analistas da consultoria Liberum, hoje, o cenário está mais tranquilo para a empresa, considerando o ambiente político e regulatório no Reino Unido. Um dos fatores que auxiliam a Fox para obter a aprovação do negócio é o fato de que o governo britânico tem visto com bons olhos investimentos estrangeiros no País. Segundo os analistas, a aprovação de uma transação desse porte mostraria um sinal de confiança para a economia britânica.